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Entrevista | Após bariátrica, Desirée revela detalhes sobre nova fase da vida

Jornalista e influenciadora digital conversou com o Portal T5 e explicou como decidiu fazer a cirurgia.

Por Juliana Alves Publicado em
Desiree capa
(Foto: Arquivo pessoal/Heloise Desirée)

Quem acompanha a jornalista e influenciadora Heloise Desirée nas redes sociais, foi pego de surpresa na primeira semana de 2023. Ela anunciou, no último dia 7, que foi submetida a uma cirurgia bariátrica, pensando em levar uma vida com mais saúde.

Referência para muitas pessoas obesas e com sobrepeso na Paraíba, Desirée, 31 anos, disse que pensou muito antes de decidir que faria o procedimento. Para ela, que chegou a pesar 136 quilos, fazer a bariátrica para emagrecer era um “fracasso”. Afinal, foi isso que ela sempre ouviu de uma sociedade preconceituosa.

Mas Desirée mudou esse pensamento, e tudo começou quando ela passou a se amar do jeito que é. Não foi fácil, mas a jornalista disse que entendeu que a essência dela não se reduzia ao que uma balança mostrava.

No Instagram, onde soma mais de 90 mil seguidores, Desirée compartilhou um relato pessoal sobre a decisão de fazer a cirurgia bariátrica. O assunto repercutiu, e com muitas mensagens de apoio. O Portal T5 entrevistou a influenciadora, que deu detalhes sobre essa nova fase. Confira abaixo.

Portal T5: Antes de tudo, como está sendo a recuperação?

Desirée: Melhor do que eu imaginava. Eu nunca tinha feito cirurgia de nada, então imagina o pânico da gata? Por se tratar de mexer no estômago e no intestino bate logo um desespero… mas acredito que se informar sobre o processo e ter pensamento positivo ajuda muito. A recuperação está sendo ótima. Já tô até com vontade de fazer faxina! risos 

Portal T5: Você compartilhou no Instagram que a decisão de fazer a cirurgia bariátrica foi recente. O que te impedia de fazer esse procedimento e qual foi sua motivação?

Desirée: Sim! Apesar de eu ser obesa desde que me entendo por gente. Existem fatores genéticos fortes além, claro, dos hábitos de vida - eu sempre pensava em emagrecer porque alguém dizia que eu deveria. Na minha cabeça parecia que era implicância de pessoas gordofóbicas, até porque clinicamente minha saúde era ótima. Então parecia tipo encheção de saco, que eu tinha que me enquadrar num perfil, sabe? Eu me sentia muito bem comigo mesma. 

Esse processo foi além do que minha imagem passava, porque eu também criei uma comunidade muito forte voltada para isso [nas redes sociais]. Mas eu comecei a pensar: ‘poxa, mesmo estando com todos os exames ok, tenho várias limitações por causa do excesso de peso’. Então fiz uma consulta, relutante, para entender o que de fato era a bariátrica. Até então eu tinha muito preconceito. Me parecia uma decisão preguiçosa para chegar a um objetivo que deveria ser atingido com esforço, com o famoso “fecha a boca que emagrece”. Fazer essa cirurgia era como burlar o certo. Até que entendi minhas limitações em meio a várias tentativas de emagrecer, reconheci que esse era o melhor caminho e dei início a todo o processo. 

Portal T5: No seu relato você diz que, hoje em dia, não vê mais a bariátrica como um “fracasso”. O que te fez mudar esse pensamento?

Desirée: Entender que a bariátrica não é a solução para a obesidade, mas sim o início de um jornada que requer compromisso. Nada que vem fácil me parece confiável. Então entender que se nós não fizermos a nossa parte tudo será em vão, me fez entender que o sucesso do procedimento depende de mim, do meu compromisso em ter, a longo prazo, uma nova vida, com mais saúde.

Portal T5: Imagino que você tenha recebido muitas mensagens desde a publicação sobre a cirurgia. Hoje, como você lida com as opiniões alheias? Antes da cirurgia, pensou nessa repercussão?

Desirée: Pensei muito! Tive muito receio, não vou mentir. Eu construí uma comunidade muito forte com meu modo de enxergar meu corpo e minha vida e não queria parecer uma fraude, me entende? Tipo: ‘oxente, tu se amou a vida inteira e quer emagrecer?’ Não queria que eu parecesse uma golpista brincando com um assunto tão sério. 

Eu ouço muito falar em romantização da obesidade, mas no meu caso não existia isso. Eu entendia os riscos da doença, mas eu não abria mão de viver. Eu me permiti usar roupas que quis, ir à praia com meu bom biquíni - coisas que muitas pessoas não fazem, não postar só foto de rosto, aparecer na televisão sem filtro sem medo de ser julgada pelo meu corpo. Fiz atividade física, tentei melhorar minha alimentação. Eu me amo demais, independentemente dos dígitos da balança e essa decisão também foi por amor a mim mesma. E sabe o que foi mais legal? Ser acolhida pelos meus seguidores que entenderam isso. Eu sou muito honesta com eles, existe sempre uma troca muito positiva. E tô feliz. Tenho recebido muito carinho e dicas de quem já passou pela cirurgia e isso é maravilhoso.

Portal T5: Você é uma pessoa influente nas redes sociais; afinal, são mais de 90 mil seguidores somente no Instagram. Qual a mensagem que você deixa para as pessoas que vivem hoje esse processo de decisão?

Desirée: Que a gente precisa ter coragem para mudar o que nos incomoda, com responsabilidade. Pesquisar sobre a cirurgia, a equipe médica, entender que é uma decisão que vai mudar sua vida para sempre, mas que vai ser pra melhor. Li uma frase de Leandro Karnal que dizia o seguinte: ‘mudar é difícil, mas não mudar é fatal’. Então nós precisamos acreditar em nós mesmos, reconhecer a nossa fragilidade, mas não permitir que isso nos paralise. A vida é isso: uma eterna mudança, mas ela é uma só. Então, não podemos deixar que ela passe sem sentido pra nós. 

Não é sobre ter o corpo mais bonito, é sobre poder fazer com que a gente se sinta bem nele e o mais importante: de forma saudável. É isso! A gente nasceu pra ser feliz!

O que diz a medicina

O Portal T5 conversou com o médico João Sucupira, especialista em cirurgia bariátrica. Ele explicou os impactos da desinformação sobre o procedimento em pacientes obesos, formas de tratamento e também sobre acompanhamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Formas de tratamento

“Existem várias modalidades de tratamento a obesidade, isso definido de acordo com IMC e outras características do paciente. Os tratamentos podem ser: dieta, atividade física, terapia medicação, tratamentos endoscópicos e cirurgias. E a gente pode misturar esses tratamentos todos ou fazer individualmente”.

“Hoje em dia no Brasil só conseguimos operar 2% dos pacientes que têm indicação. E isso se dá, também, pela desinformação. Muitas vezes o paciente acha que a cirurgia é um tratamento desnecessário, que a obesidade é um problema estético e não uma doença… são vários fatores que levam o paciente a não fazer a cirurgia. Isso está errado. Infelizmente, essa desinformação também compreende os colegas médicos”.

Bariátrica pelo SUS

“Em João Pessoa, existem dois programas de cirurgia bariátrica no SUS, um municipal (no Hospital Santa Izabel) e um federal (no Hospital Universitário). As pessoas devem buscar o atendimento via Unidade Saúde da Família (USF) e se inscrever em um dos dois programas”.

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