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Cortes na Educação

Na UFPB, pesquisadores lamentam atraso de bolsas e prejuízo à ciência

Bolsistas da Capes conversaram com Portal T5 e relataram dificuldades para continuar as pesquisas

Por Juliana Alves Publicado em
Ivson e Ana Karolyne lamentam desvalorização da ciência no país.
Ivson e Ana Karolyne lamentam desvalorização da ciência no país. (Foto: Reprodução/Arquivos pessoais)

Pesquisadores de mestrado e doutorado da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) temem abandonar pesquisas após o atraso do pagamento de bolsas de pós-graduação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). No estado, vários estudantes foram diretamente afetados pelo bloqueio de verbas do Ministério da Educação para instituições federais na última semana.

Realizado nesta segunda-feira (12), o pagamento deveria ter sido efetuado há cinco dias. A incerteza da remuneração e do retorno total dos valores retidos do setor deixa pesquisadores preocupados.

Ivson Bruno da Silva, 30 anos, é natural de Bezerros, no interior de Pernambuco. Ele mora em João Pessoa por causa da pesquisa de doutorado em Letras, pela UFPB. Por ser bolsista, Ivson precisa ter dedicação exclusiva à pesquisa e é impedido de ter qualquer vínculo empregatício. Assim, sem outra fonte de renda e perspectiva de receber o pagamento, ele se angustia pensando em como manter os estudos longe da família.

A bolsa é o meu salário, serve para minha sobrevivência como pesquisador neste país. Com o bloqueio, não consigo pagar meu aluguel, não tenho dinheiro para alimentação ou qualquer outra forma de me manter. 

Ivson também conta que sente desrespeito e descaso do governo com os pesquisadores. “Eu e nenhum outro pesquisador deveria passar por esta humilhação, que escancara o pior dos nossos tempos e diminui nossas esperanças em relação ao desenvolvimento do Brasil”, disse.

Ana Karolyne Florencio, 27 anos, é doutoranda em Psicologia Social e vive a mesma incerteza de Ivson. Natural de Teixeira, no sertão paraibano, ela se mantém em João Pessoa com a bolsa que recebe da Capes.

Esse bloqueio desestrutura a educação de modo geral. Muitos outros bolsistas, incluindo os de graduação, já se encontram em situação de vulnerabilidade social por causa desse panorama. Se isso se estender, muita gente vai ter que deixar o sonho de ser graduado ou pós-graduado e partir para um plano B, por urgência e em situação de desespero.

Sem a liberação dos outros recursos para a área da Educação, a pesquisadora receia desfechos “ainda mais trágicos”, como o fim de programas de pós-graduação.

"Sempre tive o sentimento de que os pesquisadores e a ciência no Brasil são extremamente desvalorizados. Nessa situação é como se esse sentimento fosse dobrado, como se ninguém soubesse de fato a dificuldade que tudo isso acarreta para a ciência brasileira e para nós mesmos".

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