Estudo aponta principais causas da erosão na falésia do Cabo Branco
O estudo diz que aumento da temperatura, desmatamento de áreas verdes e outros impactos ambientais aceleram a erosão
A falésia do Cabo Branco registrou novos deslizamnetos por causa do impacto das ondas do mar. Essa erosão é um problema antigo e que continua preocupando quem passa pelo local. Com o passar dos anos, foram realizadas algumas intervenções e interdições, mesmo assim, a estrutura de bloqueio montada pela prefeitura de João Pessoa geralmente é danificada possibilitando o acesso de pedestres e motoristas que continuam trafegando nos locais proibidos no trecho do Farol do Cabo Branco, um dos cartões postais mais importantes da capital.
O cenário foi modificado há alguns anos com mais um espaço interditado depois de um desmoronamento na barreira. Turistas, principalmente os que estão conhecendo nossas belezas, lamentam a possibilidade de voltar um dia e não encontrar tudo no mesmo lugar.
"A gente vê que a natureza um lugar tão lindo e depois a gente vai ver que isso vai ser tomado pelo mar, né. Tem que preservar, estudar e procurar saber como resguardar para não perder esse lugar tão lindo", disse uma turista.
Algumas intervenções foram realizadas para minimizar danos, como a colocação de pedras toda extensão da beira mar para conter a força das ondas. A antiga pracinha de Iemanjá hoje está irreconhecível. As águas avançaram e destruíram o lugar.
De acordo com um especialista, o enrocamento que foi feito embaixo da barreira não tira completamente a força das ondas, mas impede que elas cheguem com mais potência à base da barreira. Isso tem uma efetividade na diminuição da erosão, mas pode não ser o bastante. Um estudo feito pela prefeitura de João Pessoa aponta que o aumento da temperatura, o desmatamento de áreas verdes e outros impactos ambientais aceleram o processo de erosão.
"Falésias são formas de relevo, são escarpas adultas, ou seja, popularmente falando, como um barranco de frente para o mar que está hoje sofrendo um processo erosivo intenso. Existem as chamadas falésias vivas e as falésias mortas ou falésias não ativas, que são aquelas que já passaram por um processo de erosão, mas o mar já não a alcança mais. No caso da falésia do Cabo Branco, é uma área de falésia viva, então o processo de erosão vai acontecer naturalmente", disse o especialista.
"O que ocorre é que, com a ocupação daquela área, esse processo de erosões se torna mais intenso. Daí você tem, tanto a ação marinha, que gera esse processo, como também processo continental, ou seja, a impermeabilização do solo, a diminuição da infiltração e tudo isso vai gerar um aumento da erosão", mencionou.
"Naquela área existe um tipo de intervenção que poderia frear um pouco mais esse avanço e que ainda não foi feito. Para substituir o enrocamento, na minha opinião, a melhor ação mediante a esse problema é uma revitalização da área. Do ponto do estudo do solo é um reflorestamento de áreas, como por exemplo na Avenida Cabo Branco. Ali naquela face da falésia, fazer um reflorestamento e, a partir de estudos mais detalhados, de correntes de ângulo, de incidência das ondas e de outros parâmetros oceânicos, talvez venha a possibilidade de alguma intervenção na parte oceânica", sugeriu o especialista.
A prefeitura de João Pessoa disse que realizou um estudo sobre os impactos provocados pelo avanço do mar na orla da capital, incluindo no bairro do Cabo Branco. Segundo a prefeitura, esse estudo diz que as alterações foram provocadas pelo aumento da temperatura, desmatamento de áreas verdes e outros impactos ambientais e que preparam um projeto que tem aprovação de todos os órgãos ambientais com intervenções para o local.