Centro de referência na PB registrou mais de mil ocorências de racismo em 2022
O número corresponde às ocorrências registradas apenas no Centro da Igualdade Racial João Balula
Centro da Igualdade Racial João Balula, criado em 20 de novembro de 2020 - Dia da Consciência Negra, atendeu 1.031 casos de pessoas que sofreram racismo, intolerância religiosa ou xenofobia durante este ano. Desse total, a maioria dos casos se refere ao racismo, discriminação social baseada no conceito de que existem diferentes raças humanas e que uma é superior às outras. Foram atendidas 1.004 pessoas vítimas de racismo.
O coordenador do Centro, Marcos Nascimento, aponta que o maior desafio enfrentado pela população é não deixar os casos na impunidade. “Temos orgulho de termos um serviço de referência na Paraíba de enfrentamento ao racismo, que funciona há dois anos, e muitas pessoas chegam aqui para buscar um acolhimento e ser ouvido por nossa equipe de psicólogo, assistente social, pedagogo e advogado. O trauma causa tantos problemas e dores que muitos não querem nem denunciar”, afirma Nascimento.
O Centro da Igualdade Racial João Balula foi inaugurado em 20 de novembro de 2020 - Dia da Consciência Negra – e, somente neste ano, o serviço de psicologia do centro atende 133 usuários que buscam o atendimento especializado. Além de casos de racismo e intolerância religiosa, o serviço gratuito atende casos de xenofobia e presta atendimento à população migrante no Estado.
Neste mês, a Secretaria de Estado da Mulher e da Diversidade Humana, em parceria com a Funesc, lançou uma programação com atividades em vários municípios, com shows e palestras, além da realização do Webinário Estadual com Gestores Municipais de Políticas de Igualdade Racial - Enfrentamento ao Racismo e Potencialidades Negras, que será realizado no próximo dia 28 de novembro, às 9h, com inscrições abertas no link: https://bityli.com/vABZkzBb
Segundo a secretária da Mulher e da Diversidade Humana, Lídia Moura, o racismo causa impacto direto na vida da população afetada, muitas vezes, de forma subjetiva. “É necessário prestar atenção nas várias formas em que ele se apresenta. É importante reconhecer e identificar”, observou.
O dia da Consciência Negra coincide com a morte de Zumbi de Palmares em 1695, um dos maiores líderes negros do Brasil que luitou pela libertação do povo contra o sistema escravista. “Essa é uma das datas mais importantes que reafirma o reconhecimento dos povos africanos na construção de uma sociedade sem racismo”, afirmou Lídia Moura.
O Centro da Igualdade Racial João Balula é o segundo do Nordeste em funcionamento e o quarto do País. O serviço se propõe a trabalhar com redução das desigualdades raciais e incentivar a equidade racial para a população negra, povos e comunidades tradicionais: quilombolas, indígenas, ciganas e de religião de matriz africana (candomblé, umbanda e jurema sagrada). O nome do Centro é uma homenagem ao militante histórico do Movimento Negro da Paraíba, João Silva de Carvalho Filho, conhecido como João Balula (in memoriam), que atuou no enfrentamento do racismo no Estado.