Mortes e toque de recolher: violência em Conde apavora moradores e afasta turistas
Nos últimos 15 dias, trocas de tiros deixaram mortos e feridos na cidade do Litoral Sul da Paraíba
Conde, no Litoral Sul da Paraíba, conhecida pela potencialidade turística, enfrenta uma sequência de casos de violência que apavora moradores, comerciantes e visitantes da cidade. Nos últimos 15 dias, pelo menos três assassinatos foram registrados na região. Outras três pessoas ficaram feridas em ataques a tiros nesse mesmo período.
Entre os dias 10 e 25 de novembro, intensas trocas de tiros atribuídas a integrantes de facções criminosas provocam temor no município onde estão localizadas algumas das praias mais frequentadas do estado, como Jacumã, Coqueirinho e Carapibus. Um toque de recolher foi iniciado, incorporando o medo à rotina de trabalho dos comerciantes, que têm agora limite de horário para os expedientes.
+ Tiroteio deixa um morto e um baleado na cidade de Conde, na PB
+ Adolescentes ficam feridos após serem baleados no Conde
+ Homem é assassinado e polícia suspeita que corpo foi arrastado, em Conde
Quem vive da renda gerada pelo turismo, teme a queda no movimento. Empresários ouvidos pela reportagem do Portal T5, que não serão identificados por segurança, denunciaram que as áreas centrais do município devem obedecer ao comando dos líderes do crime. Conforme os relatos, em algumas localidades os estabelecimentos devem fechar às 22h; em outras, às 18h.
"Nessa semana, os comerciantes da rua principal, fecharam a maioria dos comércios às 18h. A insegurança está grande, qualquer carro ou moto que passe muito rápido a gente se esconde"
Outra comerciante ouvida pela reportagem teme que, além da violência, mensagens excessivas na internet possam potencializar o medo entre os moradores da cidade e distanciar os turistas. "Que os crimes tenham acontecido na região, isso é fato. Apesar de sabermos que a polícia está na área, a insegurança predomina porque são foram várias ocorrências nos últimos dias, né? Além das fake news que as pessoas compartilham, isso causa a sensação, causa um certo medo", disse.
O que diz a polícia
A equipe da Polícia Militar (PM) responsável pela área diz que conhece a informação do toque de recolher, mas desacredita que essa regra foi imposta por criminosos. Capitão Sabino, subcomandante da área, afirma que o temor na região parte de informações trocadas por pessoas em grupos de troca de mensagens. No entanto, ele admite que houve reforço no policiamento nas últimas semanas.
"O que está acontecendo é uma série de divulgações de que estaria havendo uma insegurança generalizada. O policiamento passou a nos subsidiar também com outros grupos e estamos fazendo operações para quebrar essa ideia de insegurança. Existe registro de alguns crimes, o que não é algo que foge da realidade. Depois veio essa informação de toque de recolher. Da parte da Polícia Militar, a gente continua nas ruas. Nós dobramos o efetivo policial", explica.
O policial minimiza que exista uma guerra entre facções criminosas na região.
"Existem pessoas envolvidas em crimes na área. Isso gerou clima de insegurança. São muitas informações nas redes sociais. E aí vincularam a informação de que está havendo uma guerra [de facções]. E não é isso que está acontecendo", diz.
A Guarda Municipal é responsável pela segurança viária e turística naquela região. Da parte deles, as ocorrências são mínimas, e o relato é que há pelo menos um mês não existe nenhum tipo de queixa.
"Todos os fins de semana temos quatro viaturas especificamente na questão do turismo em Jacumã. No momento, a gente está com praticamente quatro semanas com tudo transcorrendo normalmente", fala o comandante Mário Nogueira.
Às vésperas do verão, a área conquista tradicionalmente a presença de turistas de todo o Brasil, mas o impacto causado pelos casos de violência é percebido por proprietários de imóveis na cidade. “A gente não está alugando a casa, está ficando parada muito tempo. Até em alguns feriados a gente não está conseguindo alugar, por reflexo da criminalidade”, diz um dos donos de residência da região que prefere não se identificar.