Lei impõe multa a quem deixar cocô de cachorro nas ruas de João Pessoa
Para descarte correto, veterinários aconselham saquinhos plásticos e lixeiras orgânicas
Recolher as fezes do cachorro é um hábito simples e que todo tutor deveria pôr em prática. Mas a realidade não é bem assim. A falta de consciência gera constrangimento social, pode causar doenças em humanos e em outros animais. Além de causar impacto ambiental, pode afetar o bolso do tutor.
“Tem dias que é insuportável” é assim que a ilustradora Rayane Braga, tutora de Thorin, se expressa em relação à situação das pessoas que não recolhem os dejetos dos animais. Rayane ainda disse que seu pet tem uma rotina de passeio e se depara com a situação todos os dias.
“A gente tá passando por calçadas que estão repletas de cocô. Tem dias que é insuportável. Eu já vi acontecer muito, as pessoas não saem com saquinho e é muito complicado porque as ruas vão ficando muito sujas, você acaba pisando, até o cachorro acaba pisando também”.
Rayane, sabendo que seu pet faz as necessidades fora de casa, falou sobre a estratégia que usa para não esquecer o saquinho: “A gente costuma deixar já enrolado vários sacos na própria coleira dele pra não esquecer de forma alguma de levar” .
A Lúcia Maria, dona de Galego, disse que passeia com o cachorrinho todas as manhãs. Já sabe quais os lugares onde ele gosta de fazer as necessidades e por isso sempre leva os saquinhos plásticos. E acrescenta “É uma questão de consciência, acho corretíssimo [recolher os dejetos] as vezes a gente pisa, carro passa por cima né? E tem também a questão da natureza".
A jornalista Luciana Elizabeth, tutora de Cal e Lili, relatou que costuma passear com eles até duas vezes ao dia e falou da importância de recolher as fezes dos cachorrinhos.“A coleta das fezes é um processo de civilização, né? Você tem que dar liberdade pros cães mas também tem que entender que existem os transeuntes principalmente nas calçadas.” .
Mas o recolhimento das fezes, não fica somente no âmbito social. A temática vai além e levanta o questionamento sobre o impacto que as sacolinhas de plástico causam. “Você tem uma situação bem complicada nas calçadas mas por outro lado a situação do acúmulo de saco de lixo, todo mundo sai com o saquinho de lixo e é um problema hoje mundial.A gente conseguir entender onde vai descartar tanto saco de lixo de plástico.” mencionou Luciana.
Doenças que são transmissíveis por fezes de animais
Para além do mal-estar social, deixar o espaço público sujo pode gerar problemas de saúde para os humanos e entre os animais. Algumas doenças podem ser transmitidas pelas fezes dos pets, entre elas as mais comuns parvovirose, vermes e diarreia, que podem ser adquiridas tanto na ingestão como no contato com a sujeira.
Insetos, como a mosca ao pousar nos dejetos dos animais, podem transmitir bactérias e a partir disso, algumas doenças são adquiridas pelas pessoas. Os riscos de deixar o cocô de cachorro nas ruas aumenta a incidência das zoonoses.
O médico veterinário Helder Camilo explicou: “No caso de alguns parasitas, eles têm o período da evolução no ambiente onde depende da umidade e temperatura. Então deixar as fezes expostas pode ser meio de cultura para bactérias, fungos e parasitas como as moscas, que pode fazer com que o ovo [do parasita], passe pelo processo de maturação e contamine pessoas e animais.” .
Para o descarte correto, o médico veterinário aconselha a ser com saquinhos plásticos e que seja nos lixos orgânicos.
Lei municipal
De acordo com a Câmara Municipal de João Pessoa, existe uma lei criada em 2009, de nº 11.880, que obriga o recolhimento dos resíduos fecais de animais conduzidos em espaços públicos. E caso ela não seja cumprida, o dono do animal pode pagar uma multa no valor de R$ 225,55.
Auxílio na limpeza
Em João Pessoa, a Autarquia Especial Municipal de Limpeza Urbana (Emlur) tem disponibilizado, desde 2020, postos de sacos plásticos para que a população colabore com a limpeza urbana, recolhendo as fezes do seu animal durante o passeio diário.
Segundo o superintendente da Emlur, Ricardo Veloso, existem atualmente 150 postos com saquinhos, espalhados em locais estratégicos da cidade, com previsão de aumento até o início do próximo verão. Além disso, os sacos plásticos serão substituídos por papéis biodegradáveis.
Ilustração: Freepik/Reprodução
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