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Corpo de bebê é liberado após mais de 120 dias em hospital de João Pessoa

A família alega que esperou todo esse tempo para poder realizar o sepultamento do filho, que nasceu morto

Por Carlos Rocha Publicado em
Maternidade Frei Damião
Maternidade Frei Damião (Imagem: Reprodução)

O corpo de um bebê que nasceu morto na Maternidade Frei Damião, em João Pessoa, em março desse ano só foi entregue à família nesta quinta-feira (14). A família denuncia que só depois de mais de quatro meses pôde reconhecer o corpo, fazer a liberação e receber o atestado de óbito.

A mãe alega que busca forças para seguir em frente após meses de angústia. A gravidez de gêmeos era de risco e no dia 10 de março o parto foi realizada. Ela conta que a equipe do hospital disse que um bebê nasceu morto, mas ela não chegou a ver a criança. Só agora, depois de quatro meses, a família conseguiu ter acesso à documentação após uma ligação da assistência social da maternidade.

"Eu passei 15 dias aqui internada e nada dele me falar do corpo do outro. Eu saí, deixei o número do telefone de minha irmã, da minha mãe, até do motorista do carro que levou a gente, e eles não me informaram. Agora, 4 meses depois, foi que ligaram para mim, ontem, dia 13, falando que o corpo do meu filho ainda estava aqui, pedindo para eu vir liberar o corpo dele", disse a mãe.

A família mora em Mataraca, no Litoral Norte da Paraíba, a quase 90 km de distância da capital, João Pessoa. Preocupados, os pais recorreram uma assistência social de lá para saber o porquê de tanta demora e passaram a buscar por respostas.

Na frente da Maternidade à espera da liberação do corpo, o pai relatou que por várias vezes buscou informações sobre o que teria acontecido.

"Perguntei se podia levar criança. Ela falou que não podia não porque eu sou menor, sendo que eu sou menor de idade mas eu passei a noite no hospital com ela aqui. Aí eu fiquei sem entender", disse o pai.

"O pai tem 17 anos, mas durante todo o processo a avó da criança também esteve aqui na maternidade, pelo que eu fui informado. O processo todo foi acompanhado pela família em conjunto", disse o assistente social da cidade de Mataraca, que acrescentou que os pais até então não assinaram nenhum documento que comprove a morte do bebê.

"O hospital ficou com essa declaração durante todo esse tempo. Então a família também se sente lesada nesse sentido. A gente passou as orientações pertinentes sobre esse caso, sobre como eles devem proceder a partir de agora. Mas o normal é que se haja esse contato imediatamente até para evitar o sofrimento que nós estamos vendo hoje. Ela já tinha uma ferida que estava talvez cicatrizando e agora foi reaberta e é tudo um novo processo que a família toda está enfrentando", acrescentou o profissional.

A certidão de óbito foi entregue à família e o corpo do bebê liberado nesta quinta-feira (14). Ele seguiu para a cidade de Mataraca, onde foi enterrado.

Em nota, a Maternidade Frei Damião disse que desde o momento em que a mãe foi atendida no hospital, foi informada que um dos fetos estava morto. Disse ainda que como após 90 dias de alta da mãe a família não voltou para pegar o corpo, o serviço social da maternidade entrou em contato com os pais e e com o serviço social de Mataraca solicitando que o corpo fosse recolhido.

Em relação à documentação, a assessoria de imprensa da maternidade Frei Damião informou que o atestado de óbito estava no prontuário da paciente desde o dia do parto. Afirmou ainda que os pais não apresentaram interesse em ver o filho e que durante esse tempo o corpo ficou no necrotério da unidade.

Diante da manifestação da maternidade à imprensa, a família voltou a dizer que durante todo esse tempo tentou buscar o corpo para enterrar o filho, mas que só nesta quarta-feira (13) recebeu ligação da maternidade. Os pais afirmaram ainda que nunca receberam nenhum documento, nem foram orientados sobre o que fazer diante de uma situação tão delicada.



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