Baixa qualidade da água gera despesas para moradores de Santa Rita
Eles alegam que estão tendo que comprar água para beber e cozinhar e alegam que a fornecida pela rede de abastecimento é imprópria
Moradores da cidade de Santa Rita, na Grande João Pessoa, estão apontando a baixa qualidade da água fornecida no município. Alguns alegam estarem gastando dinheiro para a compra de água mineral para ter água potável para beber e cozinhar. De acordo com os moradores, a água está com coloração barrenta e alguns tomaram a iniciativa de realizar exames na água. Eles alegam que o líquido apresenta grandes quantidades de colirformes fecais.
"Há cerca de 3 semanas o problema se agravou de uma maneira tal que a gente tem que estar adquirindo água para o consumo próprio e também para cozinhar. A gente tem gastado para adquirir um kit, uma média de R$ 33 e quase R$ 10 a cada dois dias para que a gente possa ter uma água própria para o consumo. Ontem houve uma pequena melhora, mas a desconfiança da população ainda é muito grande, haja vista que alguns têm feito, por iniciativa própria, exames nessa água e ela tem dado uma incidência de colirforme muito alta", relatou o morador Yndrews Filliph.
Os problemas no abastecimento da água em Santa Rita são relatados após a prefeitura entrar na justiça para trocar a empresa que fazia o fornecimento, em maio. A demanda da cidade, que era atendida pela Cagepa, passou a ser de uma empresa da iniciativa privada, a Associação Águas do Nordeste (ANE).
Como justificativa para o encerramento do contrato com a Cagepa, a prefeitura da cidade afirmou que "levou em consideração a falta de investimentos da companhia estatal", citando que "nenhuma melhoria foi feita nos últimos dez anos para ampliar o acesso da população ao fornecimento de água e tratamento de esgoto".
"A falta de esgotamento sanitário, por exemplo, vem infiltrando o solo e contaminando o manancial da cidade, um dos mais importantes do Estado, composto por água mineral", diz um trecho da nota enviada pela prefeitura de Santa Rita no início da transição.
Ainda na nota enviada há cerca de um mês, quanto houve a transição da concessão, a prefeitura de Santa Rita disse que a "falta de investimentos sucateou a infraestrutura do sistema de saneamento e manteve, em plena área central da cidade, mais de doze quilômetros de tubulação de amianto – matéria-prima de baixo custo com potencial cancerígeno, proibida pela Organização Mundial de Saúde (OMS)".
O Portal T5 contatou a assessoria de comunicação da prefeitura desde a noite desta terça-feira (7), mas não obteve resposta sobre as novas reclamações.
Em nota, a empresa reconheceu o problema sobre a baixa qualidade da água e disse que já está tomando as providências. A ANE alegou que a mudança na cor “tem forte ligação com as chuvas intensas” registradas nos últimos dias.
Ministério Público no caso
O Ministério Público da Paraíba (MPPB) instaurou um inquérito civil público para averiguar a qualidade da água que está sendo distribuída à população do município de Santa Rita. O procedimento é instaurado pelos promotores de Justiça do Meio Ambiente e do Consumidor de Santa Rita.
O procurador-geral de Justiça, Antônio Hortêncio Rocha Neto, informou que se reuniu, nesta sexta-feira (3), com os promotores de Santa Rita que atuam na área. “O Ministério Público vai atuar nessa questão tanto na questão ambiental da água como também no direito dos consumidores de terem água de qualidade. Serão tomadas as providências necessárias para corrigir qualquer situação irregular que, porventura, esteja acontecendo”, disse o PGJ.
O promotor de Justiça Romualdo Tadeu Araújo informou que será solicitada a análise de uma amostra da água para verificar se a água que está sendo distribuída é imprópria para consumo humano.
Ainda conforme o promotor, a partir da constatação da qualidade da água, a empresa responsável pelo abastecimento em Santa Rita será chamada para que essa situação seja sanada de forma imediata.
