Já teve covid-19? veja seis fatos que você precisa saber
O Portal T5 conversou com o infectologista Fernando Chagas, que explicou o que fazer em casos de perda de olfato, queda de cabelo, entre outras situações
O Ministério da Saúde recomenda um isolamento de, pelo menos, sete dias para as pessoas que estão com casos leves e moderados de Covid-19. Mas, mesmo estando recuperadas da doença após esse período, algumas pessoas ainda sofrem com sequelas da infecção.
Essas consequências persistem em grande parte da população contaminada por semanas, meses e até anos.
Para tirar algumas dúvidas frequentes de pessoas recuperadas da Covid-19, o Portal T5 conversou com o infectologista Fernando Chagas. Ele explicou o que fazer em casos de perda de olfato, dificuldade de memorização, queda de cabelo, entre outras situações. Confira:
1. É seguro fazer exercício físico pós-isolamento?
"O exercício físico não é perigoso fazer pós-isolamento. A questão é que às vezes a pessoas tem um acometimento pulmonar e fica com cansaço, muitas vezes fica até mesmo com uma fraqueza pós-doença por semanas. Então o exercício físico pode ser feito pós-isolamento, mas ele tem que ser feito de forma gradual. Você não pode voltar com os mesmos esforços, o mesmo quantitativo de exercícios que fazia anteriormente. Se não, você vai cansar e corre o risco de um cansaço excessivo".
2. Não recuperei totalmente o olfato após a infecção. Devo me preocupar?
"Algumas pessoas ficam semanas, meses sem olfato. E algumas perderam o olfato ano passado e até agora não se recuperaram. Existem técnicas que estimulam um retorno do olfato que são feitas geralmente com otorrinolaringologistas. São técnicas onde ele utiliza cinco tipos de essências, estimulando as terminações olfativas que ficam no nariz. Você pode fazer em casa, inclusive, cheirando cinco essências diferentes - como café, limão e tantas outras - duas vezes ao dia. Cheirando durante um minuto, tendo um intervalo de mais um minuto e cheirando novamente para estimular. Mas é importante que você faça uma vez com um profissional habilitado para aprender a fazer e repetir esses exercícios que eles tendem a melhorar esse problema do olfato".
3. Tive queda de cabelo após a infecção. Em quanto tempo posso fazer um procedimento químico?
"Não tem regra quanto a tratamento químico capilar ou uso de qualquer outro tratamento pós-infecção. A covid-19 pode enfraquecer dando queda de cabelo, pode enfraquecer as unhas e pode até causar lesões de pele. Então é importante você observar pelo menos umas quatro semanas após ter melhorado da covid se você está sofrendo com queda de cabelo. Se tiver, fazer um tratamento químico não é interessante, porque vai enfraquecer ainda mais e pode acentuar a queda de cabelo".
4. Posso doar sangue após testar positivo?
"A doação de sangue a gente orienta sempre um mês após a covid-19. Antes disso, não".
5. Dificuldade para memorizar e esquecimento podem ser sequelas da Covid-19?
"A névoa mental, os esquecimentos e a dificuldade de raciocinar é infelizmente uma sequela da covid. Muitas vezes acompanha as pessoas caracterizando a covid longa e pode durar semanas ou meses. Esse problema a gente tem visto com muita frequência, até mesmo em crianças que acabam tendo seu desenvolvimento escolar prejudicado. Estimular com jogos pode ajudar, mas a gente não tem nada concreto. Não existe uma terapêutica que seja muito bem fundamentada, que tenha trabalhos que mostrem de fato uma recuperação efetiva após essa terapêutica, infelizmente".
6. Estou no período para receber a vacina contra a Covid-19, mas testei positivo. Devo esperar para me vacinar?
"Após a covid, a pessoa tem que aguardar 30 dias para poder se vacinar. Mesmo que seja segunda dose, dose de reforço. Qualquer dose de vacina que seja, as pessoas só podem recebê-la 30 dias pós-doença".
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Se você não se esteve em nenhuma das situações citadas, é provável que nunca tenha testado positivo para a covid-19. Mas, isso é possível em quase dois anos de pandemia? O infectologista Fernando Chagas disse que sim.
"É muito da característica dos receptores que o vírus usa para entrar na pessoa. Algumas pessoas têm esses tipos de receptores, chamado ECA2 [Enzima Conversora de Angiotensina 2], com características diferentes e que dificulta a entrada do vírus no corpo. A gente não tem como saber quem de fato tem isso".
Em todos os casos, a recomendação é a mesma, disse o infectologista: "A ideia é de todos nós mantermos os cuidados e nos vacinarmos enquanto persistir a pandemia, para nos mantermos todos seguros".