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Muriçocas do Miramar seguem sem desfilar; Conheça a história de um dos maiores blocos de prévia no Carnaval

Este será o segundo ano em que o tradicional bloco de João Pessoa não sairá da praça Tito Silva, no bairro de Miramar

Por Renata Nunes Publicado em
As Muriçocas do Miramar arrastam multidões pelas ruas de João Pessoa
As Muriçocas do Miramar arrastam multidões pelas ruas de João Pessoa (Divulgação/Setur)

A quarta-feira que antecede o carnaval ficou conhecida como a Quarta-feira de Fogo, já que é exatamente uma semana antes da famosa Quarta-feira de Cinzas, dia que encerra os festejos carnavalescos. Há 36 anos, este dia é marcado pela saída do bloco Muriçocas do Miramar, um dos maiores blocos de arrasto nas prévias do carnaval brasileiro. Por conta da pandemia de Covid-19, este será o segundo ano em que o tradicional bloco de João Pessoa não sairá da praça Tito Silva, no bairro de Miramar, em direção à praia, passando pela Epitácio Pessoa.

Outro ano sem desfilar poderia parecer desmotivador para quem faz as Muriçocas, mas o sentimento, na verdade, é de respeito pelo momento. É o que garante o músico Fuba, fundador do bloco que esteve presente na festa nessas mais de três décadas de história e que deu o apelido de Quarta-feira de Fogo ao dia que seria o mais importante do carnaval na capital da Paraíba.

"Estávamos esperançosos que o bloco pudesse sair este ano, mas, infelizmente, teve uma nova variante (da Covid-19) e temos que ter responsabilidade. Amo o carnaval, mas também amo a vida dos amigos que trabalham nas Muriçocas. Agora temos de exercitar a paciência e manter a serenidade para que a gente possa esperar que a quarta-feira de fogo se realize no ano que vem". disse Fuba.

Se preparando para um possível retorno em 2023, Fuba segue entoando o hino das Muriçocas e não esquece da rica história do bloco, que se confunde com a história do próprio carnaval paraibano e é referência na prévia do carnaval do país.

"A primeira vez que a gente saiu mesmo, fazendo o percurso total do bloco foi em 1987. Fomos até um barzinho que tinha em frente ao Hotel Tambaú, mas foi praticamente uma brincadeira porque eram só duas carroças de burro, eu fiz o hino e gravei numa fita cassete, o carro de som foi patrocinado e descemos, com cerca de 40 pessoas, até o bar, cantando só essa música", contou.

Mesmo sem apoio para começar, o segundo ano de história das Muriçocas já foi bem diferente. O bloco cresceu rapidamente graças à influência direta das ideias do músico, que se encaixaram na vontade que o povo paraibano tinha de viver o carnaval. A partir dali, as Muriçocas do Miramar viraram tradição.

"No ano seguinte, eu pedi a Clóvis Mendes, que trabalhava comigo, para desenhar uma muriçoca e fui atrás de um patrocinador pra estampar essa muriçoca numa camisa, só que não tinha, porque não tinha carnaval, então ninguém queria patrocinar, aí resolvi fazer do meu próprio bolso. E falei "quem for fantasiado ou de camiseta terá chope de graça". Para minha surpresa, já no segundo ano deu mais gente fantasiado do que de camiseta. Eu acho que existia no inconsciente coletivo da cidade essa vontade de resgatar o carnaval e deu certo, tá aí até hoje. Eu não considero mais um bloco de carnaval, considero um movimento cultural da cidade que leva o nome da Paraíba para todo o Brasil e também cria uma autoestima dentro da cidade", definiu.


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