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Operação desocupa moradores de "Dubai", em João Pessoa

Pedido de retirada das famílias ocorreu através de uma Ação Civil Pública autorizada pela Justiça.

Por Dennison Vasconcelos Publicado em
Primeiras ocupações da comunidade, em 2020.
Primeiras ocupações da comunidade, em 2020. (Foto: Portal T5/Arquivo)

A Justiça da Paraíba determinou, nesta terça-feira (23), a desocupação imediata de moradores da comunidade Dubai, no bairro de Mangabeira, em João Pessoa. O local de ocupação faz parte de uma reserva de Mata Atlântica.

O pedido de retirada das famílias foi realizado através de uma Ação Civil Pública impetrada pela Prefeitura de João Pessoa na 4ª Vara da Fazenda Pública da Capital.

A área de 15 hectares remanescente de Mata Atlântica foi devastada e ocupada. O Ministério Público da Paraíba acompanha a desocupação para garantir que a ação policial seja executada dentro da legalidade e que o Município de João Pessoa, proprietário do terreno, cumpra todas as obrigações relacionadas ao cadastro e amparo das famílias que, porventura, estejam no local por necessidade de moradia. De acordo com o que foi apurado junto aos órgãos de segurança pública, além do crime ambiental, haveria na ocupação a prática de outros crimes, com atuação de facção criminosa e grilagem.

O procurador-geral de Justiça, Antônio Hortêncio Rocha Neto, explicou que o papel do Ministério Público foi de articulador das ações. De acordo com ele, a situação é grave e exige ações complexas que passam pela reintegração de posse, alojamento e atendimento das famílias, além de providências para que não seja mais alvo de ocupação e que seja elaborado e executado um plano de reflorestamento. Antônio Hortêncio entendeu que a medida de reintegração pedida pela Prefeitura de João Pessoa é necessária mesmo durante uma pandemia, como uma medida extrema de contenção de crimes, mas, por outro lado, é preciso ter a visão dos problemas sociais que estão atrelados à ocupação e garantir que as famílias sejam assistidas pelo poder público.

Em setembro deste ano, o Portal T5 denunciou, com exclusividade, o desmatamento de 13 hectares de Mata Atlântica por famílias em vulnerabilidade em busca de moradia. Cerca de 1.500 pessoas vivem abrigadas em construções de risco, rodeadas pelo desmatamento que corresponde a 13 campos de futebol.

De acordo com a Polícia Militar (PM), após o cumprimento da decisão, a prefeitura fará o registro de pertences dos moradores e o setor social vai atender as famílias.

A operação coordenada pelo Ministério Público conta com 600 policiais militares, além de profissionais de outros órgãos.

No início de novembro, a PM prendeu o suspeito de comandar a ocupação. Conhecido como 'Sheik', o homem foi detido com R$ 67 mil em espécie, cocaína e um revólver.

Tráfico e desmatamento

O promotor de Justiça Carlos Romero Paulo Neto disse ao Portal T5 que identificou práticas criminosas entre parte dos moradores da ocupação. Para o jurista, além da esfera criminal, o problema social e a devastação merecem empenho para resolução. "Existe a devastação ambiental que precisará ser recuperada. Esse não é um processo fácil. Vamos precisar de tempo, pois essas questões não se resolvem de modo instantâneo". A cobrança do Ministério Público também é para impedimento do desmatamento. "Tenho cobrado que a Secretaria de Segurança Urbana evite o aumento das ocupações. Nas semanas anteriores, materiais de construção foram apreendidos para evitar a instalação de novos assentamentos", disse.

Em reportagem publicada pelo Portal T5 no início deste mês, o promotor admitiu que famílias vivem em vulnerabilidade na localidade, mas, com base em investigações, acredita-se que a carência é uma das menores demandas da ocupação. "O problema social realmente existe porque há pessoas vulneráveis lá, mas isso é em menor proporção. Relatórios da polícia apontam que existe grilagem de terras. O que existe é uma organização criminosa de elementos visando demarcar território e fazer caixa, arrecadar dinheiro para o tráfico de drogas através da venda de terrenos", concluiu.

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