"Não se calem, por favor", alerta promotora sobre casos de abuso sexual
Ivete Arruda acompanha o caso de uma adolescente que tentou matar o próprio filho, fruto de um estupro
A Promotora da Infância do Ministério Público da Paraíba (MPPB), Ivete Arruda, acompanha o caso da adolescente que tentou matar o filho cravando uma caneta no pescoço do menino, em João Pessoa. Em entrevista à TV Tambaú, nesta quarta-feira (20), ela alertou sobre a importância de não julgar a mãe da criança pelo ato, já que a jovem também é vítima na situação.
“Ela é uma vítima do abuso que sofreu desde os 10 anos por um padrasto, com aquiescência [consentimento] da mãe. Então ela, em razão dos abusos, deu à luz a um filho do abusador. E tudo isso é muito conflitante, tudo isso é muito dolorido”, iniciou.
“Apesar dela está sendo muito julgada, dela está sendo avaliada como monstro - como muitas vezes eu já ouvi - mas, na verdade, ela também é vítima. Ela tentou matar o filho, sim. De maneira cruel, sim. Mas, pela misericórdia de Cristo, ela recuou. Ela parou no último momento”, completou a promotora.
"Ela realmente desejou que ele [o filho], em razão da dor que sentia, não vivesse. Porque ela via, como a tela de cinema, o momento do abuso, a maneira como foi o abuso, tudo que ela sofreu"
A adolescente de 15 anos, que confessou ter tentado matar o filho cravando uma caneta no pescoço dele, está internada provisoriamente no centro de atendimento socioeducativo Rita Gadelha, no bairro de Jaguaribe, na Capital paraibana. “Ela vai ser acompanhada por psiquiatra, psicólogo e assistentes sociais”, afirmou a promotora.
O menino, de quatro anos, que estava internado no Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa, recebeu alta médica. Ele foi encaminhado ao abrigo onde o caso aconteceu, no bairro do Pedro Gondim, e seguirá sob tutela do Estado.
Diante da situação, a promotora Ivete Arruda reforça a importância da denúncia.
“Não se calem, por favor. Não se cale. Essa filha podia ser a sua, essa criança poderia ser seu neto”
“A gente tem que pensar que o problema é nosso, sim. Porque, se atingir o meu vizinho, ele pode atingir a mim também. Então, não se cale. Denuncie", completou ela.
Denuncie
Se você sofre ou presenciou algum tipo de violência contra as mulheres, denuncie. Em caso de emergência, a mulher ou alguém que presencie alguma agressão, pode pedir ajuda por meio do telefone 190, da Polícia Militar.
Na Paraíba, as denúncias podem ser feitas também em qualquer uma das Delegacias da Mulher (Deam) espalhadas em todas as regiões, além do plantão 24 horas na Deam Sul de João Pessoa, que funciona na Central de Polícia.
Além desses locais, o denunciante poderá utilizar os telefones 197 (Polícia Civil), 190 (Polícia Militar, para chamado de urgência) ou o 180 (número nacional de denúncia contra violência doméstica). Outra opção é fazer um registro da denúncia através da delegacia online no endereço: www.delegaciaonline.pb.gov.br.
Veja a entrevista completa.
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