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Pesquisa do Sebrae

Paraíba tem quase 140 mil mulheres donas do próprio negócio

Dados são de uma pesquisa do Sebrae.

Por Cristiano Sacramento Publicado em
Thayane Belchior, do Comprando Delas
Thayane Belchior, do Comprando Delas (Imagem: Reprodução)

Contabilizando 139.399 mulheres donas do próprio negócio no 3º trimestre de 2020, a Paraíba ocupou o 16º lugar nacional no tocante à quantidade de empreendedoras. Em todo o país, 8.603.758 mulheres eram empreendedoras no período, conforme levantamento do Sebrae feito com base nas informações disponibilizadas nos micro dados da PNADC do IBGE.

O Nordeste é a segunda região do país com a maior proporção de mulheres empreendedoras, totalizando 24%. A pesquisa Empreendedorismo Feminino no Brasil foi realizada pelo Sebrae devido ao Dia Internacional da Mulher, que será comemorado na próxima segunda-feira (8).

Na Paraíba, segundo o estudo do Sebrae, a proporção de mulheres no total de donos de negócios era de 32% no 3º trimestre de 2020. Além disso, o estado seguiu a tendência nacional de ter empreendedoras mais jovens, ou seja, com até 44 anos (58% do total). Outrossim, 46% das empreendedoras paraibanas eram chefes de domicílios. Naquele período, o setor de Comércio concentrava mais donas de negócios na Paraíba, com 39% do total, seguido dos Serviços, com 37%, e da Indústria, com 15%.

Outra pesquisa formulada no ano passado pelo Sebrae Paraíba com base nos dados do Portal do Empreendedor apontou que, no estado, as mulheres representam 45% do total de microempreendedores individuais (MEIs). Para a gerente da Unidade de Educação Empreendedora da instituição, Humara Medeiros, mesmo diante da pandemia do coronavírus e das dificuldades que dela decorreram, o número de mulheres MEIs é significativo. “Entendemos que não é simples uma mulher empreender no Brasil, principalmente quando temos vários fatores que dificultam esta realização em comparação ao universo masculino. No entanto, entendemos, também, que as mulheres estão conseguindo ampliar esse horizonte e, para que isso ocorra, o Sebrae tem sempre se aproximado desse público, na intenção de conectá-lo com o melhor planejamento possível dos seus negócios”, afirmou.


A gerente ressaltou, também, as características das mulheres que as auxiliam no mundo do empreendedorismo. “A mulher tem, por si só, características, competências e atitudes que fazem dela uma pessoa que faz bem feito aquilo que se propõe a fazer. O Sebrae, cada vez mais, busca fazer com que as mulheres consigam avançar no empreendedorismo feminino, justamente pensando na questão de se perpetuarem no mundo dos negócios. Acreditamos que o espaço existe e elas podem realmente conquistá-lo”, enfatizou Humara Medeiros.


Mundo digital acessível

A empreendedora Thayane Belchior, CEO da startup Comprando Delas, um marketplace que reúne lojas virtuais de negócios femininos, contou que a ideia do negócio surgiu a partir de grupo de mulheres que relatou uma dificuldade muito grande em aderir ao mundo digital, principalmente por falta de acolhimento e suporte no aprendizado referente às ferramentas. “Elas não se identificavam com o mundo digital. Então, nosso objetivo é buscar empoderar as donas de pequenos negócios para que elas se tornem empreendedoras digitais. Nosso diferencial é o suporte e o acolhimento para que elas possam dar os seus primeiros passos como empreendedoras digitais”, explicou.


Belchior relatou, também, que o Sebrae sempre a apoiou, desde quando surgiu a ideia da startup até o seu desenvolvimento, auxílio da divulgação da proposta e prospecção das micro e pequenas empresas que se encaixavam no perfil da Comprando Delas. “O mundo do empreendedorismo é de flores e dores. Existem muitos desafios, sobretudo depois de 2020, devido à pandemia. Acho que todos que empreendem precisaram se reinventar, mas, tendo a cabeça empreendedora, a gente sabe que todo problema representa uma oportunidade para novos negócios. Foi assim que surgiu o Comprando Delas, ou seja, a partir de um problema gerado pela pandemia e, assim, entregamos uma solução inovadora e tecnológica, acessível a quem não se identifica com o mundo digital”, frisou.


Pandemia

 Os impactos econômicos da pandemia da Covid-19 atingiram em cheio as mulheres empreendedoras brasileiras. Dados do levantamento do Sebrae mostram que a crise interrompeu um movimento consistente, verificado desde 2016, de crescimento na representatividade das mulheres no universo do empreendedorismo no país. No terceiro trimestre do ano passado, a proporção de mulheres entre os donos de negócio caiu quase um ponto percentual em comparação com o mesmo período de 2019.

 
No 3º trimestre de 2020 havia, segundo o Sebrae, cerca de 25,6 milhões de donos de negócio no Brasil. Desse universo, aproximadamente 8,6 milhões eram mulheres (33,6%) e 17 milhões, homens (66,4%). Em 2019, a presença feminina correspondia a 34,5% do total de empreendedores, o que representou uma perda de 1,3 milhão de mulheres à frente de um negócio.


Para a coordenadora do Projeto Sebrae Delas, Renata Malheiros, a ruptura dessa crescente participação das mulheres no empreendedorismo está diretamente ligada a traços da nossa cultura que ainda persistem no país e que acabam por responsabilizar as mulheres pela maior parte das tarefas domésticas.


“De acordo com um estudo feito pelo IBGE, em 2019 as mulheres dedicaram 10,4 horas por semana a mais que os homens aos afazeres da casa. Com a pandemia, essa situação foi agravada. As crianças permaneceram mais tempo em casa ao longo de 2020 e os idosos exigiram mais cuidados por parte da família. Essas tarefas, além daquelas que já eram depositadas nos ombros das mulheres, comprometeram a dedicação das empresárias ou potenciais empreendedoras”, comentou Renata.

“O dia só tem 24 horas para todo mundo, homens e mulheres. Como elas vão se dedicar aos negócios se estão sobrecarregadas com as tarefas domésticas? Todo mundo na família se beneficia de uma comida bem feita e da casa limpa. Por motivos culturais isso recai desproporcionalmente sobre a mulher. Mas cultura a gente muda com diálogo e exemplo”.

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