Homem que sepultou José Maranhão fala da despedida às vítimas da Covid
Aroldo Almeida já enterrou 16 pessoas que não resistiram ao novo coronavírus no cemitério de Araruna, na Paraíba
"Cada um que entra aqui é um irmão que deixou a gente", disse o coveiro Aroldo Almeida, 40 anos, momentos antes de enterrar o conterrâneo José Maranhão (MDB), senador da República, vítima da Covid-19, na última segunda-feira (8).
Enquanto esperava o corpo do político no cemitério, Aroldo contou ao Portal T5 que nunca viu tantas mortes, em um curto período, quanto as causadas durante a pandemia. A cidade de Araruna, no Brejo paraibano, tem 521 casos de Covid-19 confirmados e 15 pessoas não resistiram ao novo coronavírus.
Coveiro há 11 anos, no cemitério São João Batista, Aroldo conhecia o senador apenas pela televisão, diferente das outras pessoas que enterrou pela mesma doença. Enquanto conversava, ele apontava para as covas e falava de nomes, idades e parentes órfãos.
No velório e sepultamento do senador, a pequena cidade de 20 mil habitantes atraiu centenas de pessoas e houve aglomeração. Familiares, amigos e curiosos, com e sem máscaras, estavam expostos, observou o coveiro, que disse: "O ser humano é falho e, às vezes, deixa a desejar".
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Por ser trabalhador da linha de frente, Aroldo foi um das 289 pessoas que receberam a vacina da Covid-19 na cidade, segundo o Ministério da Saúde. Nesta quarta-feira (10), no primeiro encontro pessoal com o senador ele declarou: "Ele é um exemplo de homem e político".