Pesquisadores da PB criam game para combater violência contra mulheres
Jogo eletrônico está disponível para download gratuito no Google Play
Pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) criaram um game (jogo eletrônico), denominado de “Caixa de pandora”, para combater a violência contra as mulheres.
Na mitologia grega, a caixa de pandora é um artefato presente no mito da criação de Pandora, que foi a primeira mulher criada por Zeus. A caixa era, na verdade, um grande jarro dado à Pandora, que continha todos os males do mundo. Ao abrir o jarro, Pandora deixou escapar todos os males do mundo, menos a esperança.
O jogo eletrônico foi desenvolvido no Laboratório de Tecnologias para o Ensino Virtual e Estatística (Labteve) da UFPB, sob a coordenação da professora Liliane Machado e com a colaboração da docente Luana Almeida e dos estudantes Zildomar Félix e Júlio Raphael Silva.
De acordo com Liliane Machado, a motivação para criar o game surgiu de uma pesquisa de abordagem qualitativa realizada em um serviço de atenção primária em saúde, localizado na cidade de João Pessoa.
Durante a pesquisa de campo, profissionais da saúde relataram suas dificuldades em reconhecer e abordar a violência no interior do serviço. Os pesquisadores da UFPB concluíram que as práticas profissionais não atendem aos pressupostos das políticas públicas de saúde da mulher e que a violência contra a mulher é invisibilizada no serviço pela falta de registros dos casos.
“O jogo busca levar o tema para toda sociedade, além dos profissionais. O projeto o redesenhou em um app voltado a dispositivos móveis, considerando os modos de interação nestes dispositivos, bem como readequou os diálogos para o público geral”, conta a professora.
O game tem como objetivo abrir a caixa de pandora e entender os sentimentos que permeiam a vida de uma mulher vítima de violência doméstica, acompanhando seu cotidiano desde a infância até a idade adulta. O tema é tratado de uma maneira leve, mas capaz de gerar reflexões aos jogadores.
“Ele convida o jogador a refletir sobre a questão a partir da experiência de vida de Marta, uma mulher vítima da violência por seu companheiro e que, por isso, busca o serviço de saúde. O jogo é composto por três fases: a infância de Marta, a vida adulta de Marta e a busca de Marta por atendimento em saúde”, explica Liliane Machado.
Os conceitos de gênero, direitos humanos e saúde foram considerados como categorias principais do conteúdo pedagógico do serious game, que é um tipo de jogo voltado a propósitos educacionais e profissionais.
Os domínios do aprendizado a serem tratados incluem tanto a parte cognitiva quanto afetiva. Outra característica importante é que o jogo tem uma abordagem construtivista do problema, tese epistemológica que defende o papel ativo do sujeito na criação e modificação de suas representações do objeto do conhecimento.
A cada fase, os conceitos de gênero, direitos humanos e saúde são tratados de forma individual ou combinada, sendo que o comportamento e as reações do jogador, verificados pelas suas respostas, são monitorados através de um modelo baseado em psicometria, desenvolvido pelo laboratório da UFPB.
A partir da compreensão do problema, o jogador pode continuar o jogo ou ser convidado a reiniciar a sua tentativa de auxiliar Marta a abrir a caixa de pandora. O jogo foi validado na rede de saúde de João Pessoa, com profissionais das unidades de saúde da família, e registrado junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Impi).
O game encontra-se disponível para download gratuito no Google Play. Até o momento, já teve mais de mil downloads. Desde 2008, o laboratório da UFPB desenvolve serious games. Mais informações sobre esses projetos estão disponíveis no site do laboratório da UFPB.
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