Taxa de analfabetismo na PB é maior entre homens, aponta IBGE
Nesta segunda-feira (12), é comemorado o Dia Nacional da Leitura
As linhas de expressão no rosto reúnem histórias de luta e perseverança para sobreviver em uma sociedade desigual. O sorriso frouxo e o brilho no par de olhos azuis demonstram a esperança de quem nunca desistiu de ser feliz e encontrar o seu propósito no mundo, mesmo com as provações durante a vida que às vezes se mostrou amarga e difícil. Aos 55 anos, Seu Renato Faustino relatou ao Portal T5que nunca teve a oportunidade de estudar por causa da necessidade de trabalhar desde criança e as dificuldades que enfrentou em consequência disso.
“Até hoje tento descobrir, na minha mente, como é o estudo. Penso que deve ser um dos maiores focos para a vida de um ser humano”, afirmou. Natural de Pedra Lavrada, no Cariri paraibano, ele e os oito irmãos precisaram abdicar dos estudos devido à pouca condição financeira. “A minha infância sempre teve muito trabalho e pouco espaço para estudo e lazer. A única educação que eu tenho é a de berço”, disse à reportagem.
Seu Renato pertence ao grupo de 16,1% de paraibanos com 15 anos ou mais que ainda são analfabetos no estado, segundo os últimos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desse total, os homens foram a maioria, sendo 19%. Já a taxa das mulheres, foi de 13,5%.
Ainda de acordo com o IBGE, esse número total representa o segundo maior índice do país, atrás apenas do estado de Alagoas, com 17,1%. Segundo o órgão, a taxa de analfabetismo é o percentual de pessoas de determinada faixa etária que não sabe ler e escrever um recado ou bilhete.
Atualmente exercendo a profissão de pedreiro em João Pessoa e com a rotina de 9 horas de trabalho por dia, Seu Renato disse que vive a realidade de encontrar os filhos e a esposa apenas a cada 15 dias. Ele relembrou ainda que já sentiu na pele as angústias ocasionadas pela falta de estudo e os períodos de desemprego que enfrentou.
“Já trabalhei com um pouco de tudo, como vaqueiro e encarregado, por exemplo. Vivi momentos de não ter o que enviar para a família. Por isso, digo que cada ser humano precisa valorizar o que tem”, afirmou, emocionado.
Questionado se ainda possui o desejo de estudar, seu Renato respondeu: “Nunca é tarde para aprender. Tenho vontade, mas me falta tempo”, lamentou.
Embora privado de conhecimentos técnicos ou da linguagem rebuscada, ele carrega consigo valores que perpassam certificados e diplomas acadêmicos. “Com a experiência de vida que a gente adquire com o tempo, compreendi que ninguém é sábio de tudo. Dou a educação que está ao meu alcance tratando as pessoas bem e, se um dia eu virar milionário, saberei tratar com respeito do mais pobre ao mais rico”, declarou.