Estudo da UFPB aponta 19 substâncias naturais com potencial anticoronavírus
A análise é coordenada pelo pesquisador e professor do Departamento de Ciências Farmacêuticas, Damião Pergentino.
Um estudo da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) aponta 19 substâncias naturais antioxidantes com potencial anticoronavírus e algumas possuem propriedades anti-inflamatórias. A análise é coordenada pelo pesquisador e professor do Departamento de Ciências Farmacêuticas, Damião Pergentino.
O levantamento disponibiliza dados para pesquisas de fármacos contra a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. O artigo, intitulado Natural Antioxidants: A Review of Studies on Human and Animal Coronavirus (Antioxidantes naturais: uma revisão dos estudos sobre o coronavírus humano e animal, em tradução livre), foi publicado pela revista científica Oxidative Medicine and Cellular Longevity.
O periódico com elevado fator de impacto (FI = 5,07) é focado em estudos sobre os mecanismos fisiopatológicos celulares e moleculares de substâncias oxidantes na saúde e nas doenças. A revista está vinculada à empresa Hindawi Limited, com sede em Londres, capital da Inglaterra e do Reino Unido.
“O estudo teve como objetivo disponibilizar para a comunidade científica informações relevantes de uma coleção de moléculas que podem ser usadas como referência na busca de um tratamento para pacientes com Covid-19”, explica Damião Pergentino.
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O professor da UFPB relata que há a possibilidade de que uma única substância atue em múltiplos alvos terapêuticos relacionados à Covid-19, fato que resultaria em uma abordagem farmacoterapêutica com melhor eficácia clínica, apesar de não haver testes em seres humanos, até o presente momento, que forneça suporte científico destas atividades farmacológicas.
“No início da pandemia, eu estava em um estágio pós-doutoral no Reino Unido. Diante da gravidade de saúde pública, em escala mundial, causada pela Covid-19, eu decidi iniciar uma contribuição literária no tocante a substâncias com atividade inibitória sobre o coronavírus”, disse.
De acordo com o professor, alguns vírus causam um desequilíbrio bioquímico na célula infectada, resultando em estresse oxidativo, um estado que ocorre quando há um excesso de radicais livres nas células do corpo. Isso pode desencadear problemas de saúde, incluindo danos às células, ao DNA e ao desenvolvimento de várias doenças.
Processos inflamatórios em diversos órgãos resultando em sequelas e/ou comprometimento de seu desempenho também pode ocorrer, como por exemplo as inflamações causadas pelo novo coronavírus nos pulmões, coração e rins, que podem levar os pacientes a óbito.
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“Substâncias que têm ação dual (anticoronavírus e antioxidantes) podem ser interessantes ferramentas terapêuticas ou terem uma função coadjuvante no combate ao novo coronavírus”.
Segundo o pesquisador, o coronavírus está presente na natureza, comumente em animais, adaptou-se no homem e tornou-se transmissível. “Eu acredito que podemos encontrar a solução para o problema na própria natureza, através das substâncias naturais bioativas que podem ser usadas na descoberta de fármacos antivirais e/ou com aplicação na abordagem clínica em pacientes acometidos pela Covid-19”.
O artigo servirá de base para o desenvolvimento de substâncias bioativas, sejam naturais ou derivados sintéticos com potencial aplicação contra o coronavírus.
“As moléculas discutidas no artigo podem ser utilizadas como protótipos, um ponto de partida inicial na investigação de novas opções terapêuticas frente à Covid-19, em abordagens farmacológicas e/ou de química medicinal na academia, por grupos de pesquisa, pelas indústrias farmacêuticas e demais instituições científicas que atuam no desenvolvimento de medicamentos”, reforça o professor.