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Estiagem melhora qualidade da água de reservatórios na Grande João Pessoa, diz pesquisa

Escoamento superficial nas bacias, em períodos chuvosos, explica fenômeno

Por Redação T5 Publicado em
Estiagem melhora qualidade da agua de reservatorios na Grande Joao Pessoa diz pesquisa da UFPB

A pesquisa “Investigação sobre a Qualidade da Água de Três Reservatórios Fluviais na Região Intermediária de João Pessoa”, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), aponta que a água dos reservatórios Gramame-Mamuaba, Marés e Araçagi, na Grande João Pessoa, melhora em qualidade nos períodos de estiagem.

O estudo foi realizado pelos pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (Prodema), Jonathan Antunes e Tarciso Cabral. Eles buscaram compreender o comportamento da qualidade da água ao longo dos anos e saber os fatores condicionantes que mais influenciam na utilização dela.

“Elaboramos o estudo a partir da análise de dados de parâmetros de qualidade da água, observados em uma série histórica de 12 anos. Usamos o Índice de Qualidade de Água da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e o Índice de Qualidade de Água Bascarán. Levamos em consideração os efeitos da sazonalidade”, explica Jonathan.

De acordo com o pesquisador da UFPB, os dados utilizados na pesquisa foram cedidos pela Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema) da Paraíba. A partir da análise dos parâmetros de qualidade da água, entre os anos de 2007 e 2018, a pesquisa investigou as diferenças das águas nos períodos chuvosos e de estiagem na região.

“Os dados fornecidos pela Sudema foram referentes à água bruta. Todas as análises nesse estudo precedem o tratamento da água feito pela Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa). Essa é a água utilizada pelas comunidades ribeirinhas”, destaca Jonathan.

O pesquisador da UFPB conta que as comunidades ribeirinhas vivem ao longo dos rios e fazem uso das águas que abastecem os reservatórios fluviais analisados na pesquisa. Ele afirma que essa água também é utilizada, em grande parte, para o atendimento de demandas na agricultura e setores industriais da Paraíba.

“A análise dessa água nos forneceu dados para dizer a forma como estamos utilizando esse recurso tão fundamental para a manutenção da vida. Todos os dados analisados foram comparados com os limites de classificação estabelecidos pela Resolução Conama 357/2005”.

Além da análise individual de cada parâmetro de qualidade da água e dos índices de Bascarán e da Cetesb, curvas de permanência e outros instrumentos estatísticos foram utilizados para a averiguação da água.

“O estudo constatou que, de forma geral, a água foi categorizada entre ‘Normal e Boa’, com uma melhoria de qualidade para os períodos de estiagem na região. Isso pode acontecer devido à atuação do escoamento superficial nas bacias em períodos chuvosos”, ressalta Jonathan.

Segundo o pesquisador da UFPB, as chuvas atuam "lavando" os solos e transportam, por meio dos rios até os reservatórios fluviais, uma quantidade considerável de nutrientes. E isso justifica a piora da qualidade da água nos períodos chuvosos da região.

No entanto, acentua Jonathan, a partir da análise individual dos parâmetros que regem a qualidade da água, os pesquisadores encontraram inconformidades com os limites pré-estabelecidos para as águas. Foram atestados momentos de poluições pequenas e constantes.

“Esse fator pode estar relacionado à forma como ocupamos as bacias hidrográficas. Nos reservatórios fluviais de Gramame-Mamuaba e de Araçagi, há extensa área de cultivo e adubação que cerca o reservatório. Em Marés, relaciona-se à circunstância de ser uma bacia bastante urbanizada”.

Jonathan Antunes reforça que a crise hídrica não foge da problemática ambiental no mundo. Ele acredita que, ao mesmo tempo em que a água é essencial para a manutenção dos processos econômicos e da vida, ela é um dos recursos naturais mais degradados pelo ser humano. Isso, conforme o pesquisador, traz consequências econômicas, sociais e ambientais.

“Fica evidente a necessidade de uma gestão das bacias hidrográficas que vise limitar os lançamentos de efluentes nos corpos hídricos. Os resultados revelaram a necessidade de uma atuação maior dos órgãos competentes no que se refere à fiscalização, conscientização e cuidados com os recursos hídricos”, assevera o pesquisador da UFPB.

No que diz respeito às três reservas da Grande João Pessoa analisadas na pesquisa da UFPB, Jonathan Antunes alega que, mesmo qualificadas com índices e parâmetros dentro dos limites estabelecidos, as águas da região podem mascarar situações e demonstrar resultados isolados.

“A qualidade da água foi categorizada, através do uso dos índices, dentro do seu limite de classe, em alguns momentos com qualidade até superior. Porém, a gente percebe que os índices, apesar de serem ótimos em se tratando de gestão e diálogo com a população e comunidades, podem mascarar resultados isolados para a qualidade da água”, diz.

As águas verificadas não estão impróprias, pelos dados dos 12 anos expostos na pesquisa, mas Jonathan Antunes alerta sobre a necessidade de atenção para as diferenças dos dados sobre parâmetros e índices de qualidade da água. Especialmente quando mostram que há uma má utilização e poluição do recurso ambiental.

“É importante frisar a diferença entre parâmetro de qualidade da água e índice de qualidade da água. Os parâmetros são mais específicos, como o pH, o oxigênio dissolvido na água e a temperatura. Já os índices pegam todos os parâmetros e transformam em um único número e uma categoria. Varia de uma água péssima até excelente”, argumenta o pesquisador da UFPB.

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