Estudantes paraibanos dão orientações sobre Covid-19 para pessoas em situação de rua
Ações visam combater notícias falsas e compartilhamento indevido de objetos e alimentos
Pesquisadores do Núcleo de Estudos em Saúde Pública da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) criaram o projeto “Intervenção” para oferecer, de modo itinerante, orientações sobre o novo coronavírus (Sars-CoV-2) a pessoas em situação de rua na cidade de João Pessoa.
Em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde, o grupo da especialização em Saúde Pública da UFPB confeccionou um cartaz com informações acerca dos cuidados e prevenção à Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, a fim de compartilhá-lo junto às pessoas que habitam as ruas pessoenses.
“A população em geral possui pouco conhecimento dos serviços em saúde ofertados para quem vive em condições de rua. É necessário que toda a população tenha ciência dos atendimentos ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS)”, destaca a pesquisadora Bruna Carvalho, estudante da especialização da UFPB.
De acordo com o grupo de pesquisadores, a população em situação de rua de João Pessoa é estimada em torno de 300 a 1,2 mil pessoas e, com a pandemia da Covid-19, aumentou a vulnerabilidade delas diante da negligência de políticas públicas.
“O estigma social contribui para agravar a realidade. Como principal consequência, tem-se o preconceito por parte da sociedade. Esse cenário também é observado no âmbito da assistência à saúde, impactando na garantia do cuidado integral e equânime a essa população”, explica o grupo da UFPB.
Entre as ações desenvolvidas pelos pesquisadores estão a distribuição de cartazes na Rede de Saúde e Assistência Social de João Pessoa, bem como nos locais onde as populações em condições de rua coabitam (mercados, praças e lojas), e o repasse de informações diretamente, principalmente para aqueles que não entendem a estrutura da linguagem escolar e midiática.
“Temos que precaver a população das notícias falsas, mantendo-as bem informadas, por meio de comunicação - sobretudo - visual, simples, direta e inserida dentro de seu contexto social rotineiro. Levamos em consideração, especialmente, as características subjetivas de compartilhamento de objetos e alimentos”, conta a pesquisadora Bruna Carvalho.
O grupo de pesquisadores da UFPB tem orientação da professora do Departamento de Terapia Ocupacional, Valéria Soares, e possui especialistas com formação em áreas como Direito, Nutrição, Enfermagem, Fisioterapia, Artes Cênicas e Serviço Social.
“Foram distribuídos cerca de 200 cartazes. Estamos recebendo muitos pedidos para a entrega deles, que foram pensados de forma mais visual, a fim de que o conhecimento chegue àqueles que não são alfabetizados. O ‘Consultório de Rua’ [projeto da prefeitura de João Pessoa para informar sobre serviços de saúde à população nas ruas da cidade] também utiliza o cartaz como modo de orientar a respeito de cuidados básicos, sintomas e aonde recorrer”, acentua Bruna.