UFPB promove ações para proteger indígenas da Covid-19 na Paraíba
Mapeamento de Aldeias no Litoral Norte subsidia tomadas de decisão pelo poder público
Pesquisadores do Centro de Ciências Aplicadas e Educação (CCAE) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), no campus IV, em Rio Tinto e Mamanguape, no Litoral Norte paraibano, estão realizando ações para auxiliar instituições públicas no combate à proliferação do novo coronavírus (Sars-CoV-2) em regiões ocupadas por povos indígenas na Paraíba e em Pernambuco.
De acordo com a professora Kelly Oliveira, o grupo na UFPB é formado por pessoas indígenas e não indígenas que integram o Laboratório de Antropologia, Política e Comunicação (Lapa) e o Programa de Educação Tutorial (Pet) Indígena Potiguara.
“Estamos realizando ações em favor dos povos indígenas. Uma delas é o boletim que divulgamos semanalmente, com dados sobre as demandas dos indígenas na Paraíba. Detalhamos a situação da Covid-19, doença causada pelo novo vírus, nas aldeias e atuamos na percepção das carências, dificuldades e possibilidades para as ações”, explica a professora.
Os pesquisadores da UFPB criaram o Coletivo Inin para apoio à população indígena na Paraíba, sobretudo aos povos Potiguara, Tabajara e Warao, nas cidades de João Pessoa, Bayeux, Campina Grande, Conde, Rio Tinto, Baía da Traição e Marcação.
“Foi criado com o objetivo de definir e realizar ações de mapeamento e apoio à população indígena residente na Paraíba. Vamos trabalhar na realização de diagnóstico social de como os povos vêm enfrentando a Covid-19, promoção de apoio à captação de donativos e na definição e execução de estratégias de combate aos efeitos da pandemia”, destaca Kelly.
Segundo a professora da UFPB, as ações se diferenciam por serem realizadas em conjunto com a população indígena. “Tudo que estamos fazendo é junto com os indígenas, lideranças indígenas e estudantes indígenas. Isso garante uma boa aceitação dos povos nas aldeias e maior legitimidade das ações”, ressalta.
O Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação, Etnias e Economia Solidária da UFPB endossa ser imprescindível a articulação entre o poder público para o apoio emergencial ao povo indígena Potiguara do Vale de Mamanguape. Há cerca de 22 mil indígenas em 32 aldeias situadas nas cidades de Rio Tinto, Marcação e Baia da Tradição.
“O poder público precisa avaliar suas ações e unir forças para apoiar as iniciativas advindas dos caciques, pajés, educadores sanitários e dos movimentos sociais. É imprescindível a articulação entre o poder público para o apoio emergencial ao povo indígena Potiguara”, acentuam os pesquisadores da UFPB.
A população indígena da região tem atuado em favor do isolamento social com barreiras e evitado a aglomeração em suas aldeias. No entanto, conforme avaliação do grupo da UFPB, necessitam ampliar os diálogos com as prefeituras e o poder público tem a obrigação de atender às demandas do povo Potiguara das localidades.
Dados de estudo com participação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelam que violações históricas de direitos já colocavam os povos indígenas em risco e tornaram-se questão de saúde pública em meio à pandemia da Covid-19.
Por exemplo, os problemas enfrentados pelo povo Yanomami – como desmatamento, ação de garimpeiros e dificuldades no acesso a serviços de saúde – sobrepõem-se aos riscos da infecção pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2) e deixam os indígenas mais vulneráveis.
Em parceria com a Rede de Monitoramento de Direitos Indígenas em Pernambuco (Remdipe), o Departamento de Ciências Sociais do CCAE também tem atuado em um mapeamento da situação de enfrentamento da Covid-19 no estado vizinho. O intuito é auxiliar no desenvolvimento de apoio aos povos indígenas das cidades pernambucanas.
A atuação do departamento em relação aos indígenas da Paraíba podem ser conferidas no site do Observatório Antropológico, projeto da UFPB que foi um dos oito selecionados da América pela Agence Universitaire de la Francophonie (AUF) para receber fundo de apoio financeiro no combate à Covid-19.