Artistas destinam venda de quadros e camisas para travestis e transexuais em vulnerabilidade
Campanha 'A Vida Tem Cor' ajuda associadas da Astrapa na Paraíba
Traços em aquarela, belas fotografias e estampas criativas em camisetas podem ajudar a amenizar as dificuldades enfrentadas por travestis e transexuais de João Pessoa. Em situação de vulnerabilidade durante a pandemia da Covid-19, grupos pertencentes à Associação de Travestis e Transexuais Transfeministas do Estado da Paraíba (Astrapa) recebem cestas básicas adquiridas com os valores arrecadados com as vendas do projeto A Vida Tem Cor, nas redes sociais.
Inicialmente, o artista plástico Matheus Medeiros decidiu fazer uma campanha apenas entre amigos nas redes sociais. Com materiais restantes de uma marca de quadros desativada, o pintor resolveu destinar a venda das aquarelas para a Astrapa. "Eu tinha muitas pinturas originais que não foram vendidas e estavam guardadas, então tive a ideia então de fazer uma campanha no Instagram para vender as minhas aquarelas e todo o dinheiro arrecadado seria para ajudar com mais cestas básicas", disse ao Portal T5.
"Muitas pessoas começaram a compartilhar nos stories, o que fez chegar a muitos interessados, até de outros estados, em comprar um dos quadros e ajudar na campanha"
Matheus Medeiros - Artista plástico O compartilhamento do projeto nas redes sociais aumenta a visibilidade da ação Foto: Divulgação/Arquivo PessoalCom a grande adesão, o artista não pensou em parar e a causa ganhou o apoio de outros designers, pintores e fotógrafos, assim como do coletivo LGBTQIA+ Resistência, que garantiu a estabilidade do projeto. "Logo tive que pensar em um segundo lançamento para aproveitar esse engajamento e conseguir ainda mais ajuda pra Astrapa. Foi aí que reuni outros sete artistas amigos que dispuseram suas artes e fotografias pra gente vender na página do projeto", contou.
Atualmente, a Astrapa ajuda mais de 150 pessoas todos os meses.
Andreina Giulliany, presidente da associação, explicou ao Portal T5 que a vulnerabilidade da população LGBTQIA+ vai além das dificuldades causadas pela pandemia. Transexuais são marginalizadas a princípio pela família, não têm acesso à educação e, por consequência, ao mercado de trabalho. “A alternativa restante muitas vezes é a prostituição, que acontece por sobrevivência”, afirmou.
Durante o isolamento social as necessidades também aumentaram. “Ao menos uma vez por mês conseguimos doar uma cesta básica e materiais de higiene com ajuda de vários parceiros de projetos sociais e membros da igreja”, disse.