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João Pessoa pode estar na rota de efeitos colaterais do aquecimento global, aponta NASA

Recife é uma das que mais deve sofrer os efeitos no Brasil, e as consequências podem chegar à capital paraibana

Por Redação T5 Publicado em
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A cidade do Recife, há cerca de 120 km de João Pessoa, aparece completamente vermelha em mapa elaborado por engenheiros da Nasa, com base em uma nova ferramenta que projeta os efeitos do aquecimento global sobre 293 cidades portuárias do mundo. Quanto mais vermelha a imagem, maior o impacto.

Outras duas cidades brasileiras – Rio de Janeiro e Belém – também são analisadas. A coloração indica que Recife é uma das que mais deve sofrer os efeitos no Brasil, e as consequências podem chegar à capital paraibana.

Diferentemente do que se possa imaginar, os especialistas constataram que os riscos do derretimento de porções de massas de gelo são maiores justamente para as cidades que estão mais distantes dos pontos de degelo.

O novo modelo mostra o nível de sensibilidade dos locais ao derretimento que ocorre na Antártida, na Groenlândia e em outras 13 massas de gelo – as maiores do mundo, que incluem o Estado americano do Alasca e a Cordilheira dos Andes.

Em entrevista à BBC Brasil, o físico e engenheiro mecânico Eric Larour, líder do projeto, diz que o estudo é importante para ajudar no planejamento das cidades para enfrentar os efeitos do aquecimento. “Quanto mais longe você está de uma massa de gelo, mais tem que se preocupar com ela. Mas as pessoas acham que é o contrário disso”, diz.

A nova ferramenta faz uma comparação do impacto nas cidades dependendo do local de onde parte o degelo. No caso da Groenlândia, por exemplo, as cidades brasileiras serão afetadas pela desintegração de qualquer parte do gelo – principalmente o Rio de Janeiro e o Recife.

“A mensagem é que todos devemos nos importar com as massas de gelo, mesmo as que estão mais distante de nós. Aliás, especialmente as que estão mais distantes”, afirma Eric Larour, à BBC Brasil.

Usando imagens do satélite Grace, da Nasa, os engenheiros conseguiram mostrar também quanto as massas de gelo no mundo contribuem para cada milímetro de aumento no nível do mar nas cidades. Segundo os dados do Grace, o mar do Rio de Janeiro aumentou aproximadamente 3,03 mm por ano até 2015, por exemplo.

O novo modelo consegue mostrar que 30% desse aumento vem do derretimento da neve da Groenlândia. No Recife, esse percentual é um pouco menor (27%), e em Belém (25,5%), menor ainda – mesmo que a capital do Pará esteja mais perto da Groenlândia.

SIMULAÇÃO MAIS PRECISA

O professor do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) Héliton Pandorfi avalia que a nova ferramenta desenvolvida pela Nasa tem o diferencial de reunir diferentes variáveis para simular os efeitos do aquecimento nas cidades ao redor do mundo.

“Esses ambientes de simulação computacional permitem estabelecer diversos cenários, desde os mais otimistas aos mais críticos. Quanto ao derretimento das geleiras, o fato de regiões mais distantes serem afetadas está associado ao aumento do nível do mar nas regiões próximas ao Equador, ou em baixas latitudes Norte ou Sul (inclinação da Terra e gravidade). Isso pode expor a cidade do Recife a uma situação mais sensível”, observou Héliton Pandorfi.

O professor da UFRPE, que trabalha com micrometeorologia e adequação ambiental de sistemas de produção vegetal e animal, diz que o estudo da Nasa consegue traçar previsões de uma forma mais assertiva e pontual. “Isso, consequentemente, vai dar mais respaldo para a tomada de decisões por parte dos gestores, viabilizando os investimentos necessários para conter os efeitos do aquecimento global.”



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