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26 de Abril
Trichophyton indotineae

Brasil registra primeiro caso de fungo resistente a antifúngicos

O caso foi descrito em um artigo científico publicado em 14 de março, nos Anais Brasileiros de Dermatologia

Por Carlos Rocha Publicado em
Fungo resistente a antifungicos tem primeiro caso no Brasil
Brasil registra primeiro caso de fungo resistente a antifúngicos (Foto: Reprodução/Revista Anais Brasileiros de Dermatologia)
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O Brasil confirmou o primeiro caso de infecção pelo fungo resistente Trichophyton indotineae, um agente patógeno que apresenta alta resistência a antifúngicos e tem sido relatado em diversos países. O caso foi descrito em um artigo científico publicado em 14 de março, nos Anais Brasileiros de Dermatologia.

Paciente infectado no exterior

O paciente, um homem que viajou para Áustria, Eslováquia, Hungria, Polônia, Escócia e Turquia, apresentou lesões nos membros inferiores e glúteos, com coceira intensa e reincidência dos sintomas. O primeiro atendimento ocorreu em Piracicaba (SP), onde exames iniciais identificaram uma dermatofitose e o tratamento começou com terbinafina.

Sem melhora clínica, a medicação foi substituída por itraconazol, o que levou a uma melhora inicial. No entanto, as lesões retornaram poucos dias após a interrupção do tratamento, mesmo com a tentativa de associar outro antifúngico, o fluconazol. Diante da reincidência da infecção e do histórico de viagens, um exame mais aprofundado confirmou a presença do Trichophyton indotineae.

O paciente recebeu um novo ciclo de tratamento e, ao apresentar melhora, retornou à Inglaterra, onde segue em acompanhamento médico.

O que se sabe sobre o Trichophyton indotineae?

O Trichophyton indotineae foi identificado pela primeira vez em 2020, na Índia, e vem sendo registrado em países da Europa e Ásia. O fungo provoca lesões cutâneas extensas, com intensa coceira e tendência a se tornarem crônicas. Acredita-se que a transmissão ocorra por contato direto com pessoas ou objetos contaminados.

A resistência aos medicamentos ocorre devido a uma característica genética do fungo, dificultando o tratamento. Mesmo pacientes saudáveis podem sofrer reincidência das lesões após o fim da medicação. Em grupos de risco, como imunossuprimidos, há risco de que a infecção ultrapasse a pele e atinja a corrente sanguínea, podendo comprometer outros órgãos.

Preocupação com vigilância sanitária

Especialistas alertam que não há protocolos específicos nem vigilância ativa para esse fungo no Brasil. O caso registrado foi importado, ou seja, o paciente contraiu o fungo fora do país, mas especialistas ressaltam a importância de monitoramento para evitar a disseminação local.

O médico John Veasey, um dos pesquisadores do caso, destaca que a automedicação com pomadas contendo corticoides pode agravar a infecção e mascarar os sintomas, dificultando o diagnóstico correto. Ele reforça a necessidade de investimento em exames laboratoriais avançados e capacitação de profissionais de saúde para o reconhecimento e tratamento adequado do fungo.



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