Brainrot: Crianças e adultos podem desenvolver distúrbio ao consumir conteúdos "pobres" na internet
O público infantil está mais suscetível a desenvolver dependências das telas e vício digital
Você conhece o termo Brainrot? Surgido pela primeira vez em 2007, a expressão significa "podridão cerebral", referindo-se a conteúdos "fúteis" e de baixa qualidade que podem ser consumidos na internet.
O termo surgiu como uma brincadeira, mas acabou se tornando alvo de pesquisadores e sendo considerado um distúrbio, ganhando popularidade após estudos que alertavam para o risco do uso excessivo das redes sociais, principalmente pelas crianças, que estão se conectando cada vez mais cedo.
A psicóloga Rayany Melo explica que o público infantil está mais suscetível a desenvolver dependências das telas e vício digital. Por estarem mais dispostas a aprender e cada vez mais limitadas ao ambiente doméstico, o acesso às telas é oferecido como forma de entretenimento. Como os conteúdos estão em sua maioria resumidos a vídeos curtos com muitos estímulos visuais e sonoros, prendendo a atenção dos pequenos, eles ficam "irritados" com o mundo real. Se a exposição não for controlada pelos pais e responsáveis, o desenvolvimento cognitivo delas pode ser afetado.
"No mundo real, o acesso às telas vem acontecendo cada vez mais rápido. É preciso ter cuidado ao tempo e conteúdo visto. Existem plataformas que podem auxiliar no desenvolvimento cognitivo e nas habilidades, os cuidadores precisam observar e dar o limite de tempo de uso", ponderou Melo, destacando que crianças abaixo de 7 anos não deveriam ter acesso ilimitado à internet.
Mas, as consequências do elevado uso das redes sociais também são observadas em adultos, que cada vez mais chegam aos consultórios médicos reclamando de dificuldade de concentração para a execução de tarefas diárias. Conforme Melo, ao assistir os rápidos conteúdos, o cérebro libera uma pequena quantidade de dopamina, gerando um pico de felicidade momentânea. Quando volta para as atividades fora da internet, a pessoa se sente cansada e ansiosa, obrigando-se a retornar às redes sociais para, novamente, ter a sensação de felicidade, o que vira um ciclo viciante.
Ainda segundo Rayany Melo, o consumo exagerado de conteúdos "pobres" pode provocar, além da diminuição da capacidade de concentração, a redução do pensamento crítico, da criatividade e a sensação de cansaço emocional.
"Tem chegado muitos pacientes no consultório com a queixa de que não estão se concentrando na leitura de um livro, ao assistir um filme sem dar uma pausa ou até nas tarefas diárias de trabalho e casa; percebemos crianças com uso de telas durante horas que ficam irritadas quando se tira o estímulo. É preciso limitar o uso das telas e voltar a ter conexões com o mundo real", advertiu a psicóloga.