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Surto de gripe pode espalhar conjuntivite? Especialista explica

"Há evidências de que o quinto sintoma mais frequente da gripe causada pelo influenza é a conjuntivite", diz o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto

Por Carlos Rocha Publicado em
Surto de gripe pode espalhar conjuntivite? Especialista explica
Surto de gripe pode espalhar conjuntivite? Especialista explica (Foto: Reprodução/ Twitter)

O surto de gripe causado pela variante H3N2 do vírus influenza que está lotando os hospitais e alguns pacientes têm relatado também a conjuntivite. Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier de Campinas, embora a maioria das pesquisas clínicas se concentrem nas alterações respiratórias, há evidências de que o quinto sintoma mais frequente da gripe causada pelo influenza é a conjuntivite.

“Os olhos e o nariz estão conectados pelo ducto lacrimal que transporta o vírus para a superfície ocular”, afirma. "A doença inflama a conjuntiva, membrana que recobre a face interna das pálpebras e a esclera, parte branca do olho", diz o especialista.

Os sintomas são: pálpebras inchadas, vermelhidão, coceira, ardência, sensação de areia nos olhos, lacrimejamento, secreção viscosa e fotofobia (aversão à luz). Por ser altamente contagiosa, observa, é um importante fator de afastamento do trabalho que pode durar duas e até quatro semanas. Os principais grupos de risco são crianças que estão com o sistema imunológico em desenvolvimento, gestantes, cardiopatas, pneumopatas e idosos devido a diminuição da lágrima conforme envelhecemos.

Queiroz Neto afirma que se engana quem acredita que a vacina pode provocar a doença. Isso porque, é constituída por vírus inativados, ou seja, mortos e, portanto, está cientificamente comprovado que não existe este risco. O médico adverte que a conjuntivite viral também pode ser contraída através da nova cepa do coronavírus, a ômicron. Isso porque, além da conexão do nariz com os olhos pelo ducto lacrimal, tanto a lágrima como as células oculares contêm a enzima ACEA que funciona como receptor do coronavírus.

Tratamento

O oftalmologista ensina que ao primeiro sinal de conjuntivite viral devem ser feitas compressas frias e instilação de colírio lubrificante sem conservante ou com conservante virtual que desaparece em contato com a mucosa ocular.  Não desaparecendo os sintomas em 2 dias, é necessário passar por consulta.

A conjuntivite maltratada pode causar cicatrizes, inflamação na córnea e queda permanente da visão, salienta.  “Nos casos mais severos são indicados colírios com corticoide que podem causar glaucoma se forem usados por tempo prolongado, ou aumentar a resistência do vírus se o tratamento for interrompido antes da hora” comenta.

Neste caso se formam membranas na conjuntiva que exigem aplicação de laser para remover opacidades que reduzem a acuidade visual. Por isso, os colírios só devem ser usados sob prescrição e acompanhamento médico. O especialista ressalta que a aplicação de água boricada nos olhos pode aumentar a irritação e causar alergia.

Prevenção

As dicas de Queiroz Neto para prevenir a conjuntivite viral pelo H3N2 ou pelo ômicron são:

-Mantenha o uso de máscara. Ainda não estamos livres da pandemia. 
-Lave as mãos com frequência, sobretudo antes das refeições. 
-Higienize as mãos com álcool em locais públicos- 
-Não compartilhe maquiagem, toalhas, fronhas, colírio, copos e talheres. 
-Use lenço descartável para limpar o nariz. 
-Lave as mãos após tossir ou espirrar. Na falta de água e sabão use álcool. 
-Evite tocar mucosas de olhos, nariz e boca. 
-Mantenha os ambientes bem ventilados. 
-Evite aglomerações em locais fechados. 
-Evite contato próximo com pessoas contaminadas 
-Beba bastante água e adote uma alimentação balanceada 
-Afaste-se do trabalho ou escola até 24 horas após cessar a febre.



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