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Advogada brasileira participa de contagem de votos nos Estados Unidos

Ingrid vive nos EUA há 55 anos e atua na área de direito imigratório

Por Redação T5 Publicado em
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“Fui convidada a fazer parte de uma equipe de advogados que está atuando em vários estados, acompanhando a contagem dos votos presidenciais”, contou hoje (6) à Agência Brasil a advogada que tem cidadania norte-americana, e está em Atlanta, capital do estado da Geórgia.

“Aqui, estamos supervisionando e ajudando na contagem dos votos recebidos pelo Correio, principalmente aqueles que não podem ser lidos pelas máquinas”, detalhou Ingrid, explicando que tais votos são semelhantes aos habituais cadernos de respostas de provas: preenchidos à caneta e conferidos por máquinas. Quando os equipamentos, por algum motivo, não conseguem contabilizar a resposta, entram em cena os conferentes.

“Às vezes, as pessoas não preenchem direito [a cédula] e a máquina não consegue ler o voto. Como estas pessoas têm o direito de terem seus votos contados, [as cédulas] são separadas e conferidas por três pessoas: um representante do Partido Republicano, um do Partido Democrata e um funcionário do governo estadual que, juntos, determinam se é possível determinar em quem a pessoa votou”, explicou a advogada.

Recontagem

De acordo com Ingrid, o trabalho é exaustivo e exigirá disposição redobrada caso as autoridades do estado confirmem a intenção de recontar os votos para afastar eventuais dúvidas sobre o resultado do pleito. “Até o momento [14h30, no Brasil], não tenho confirmação oficial de que isso vá ocorrer. Estamos ouvindo algo sobre isto, mas não fomos formalmente notificados. E se acontecer, então, sim, será bastante desgastante. Uma recontagem é algo muito sério e teremos que ficar aqui um pouco mais”, disse a advogada, evitando tecer considerações sobre a hipótese de fraudes que Donald Trump vem levantando há meses, sem apresentar provas incontestes.

“Nosso papel é supervisionar e tentar determinar a validade dos votos. Não podemos comentar índices de fraudes […] Tudo é possível, mas tentamos fazer que não ocorram irregularidades nestes estados que estamos acompanhando”, disse Ingrid, lembrando que cabe à Justiça analisar eventuais denúncias e apontar se há ou não problemas.

Sistema americano

Embora viva nos Estados Unidos desde criança, a advogada reconhece a dificuldade de se compreender as regras do sistema eleitoral norte-americano. “Ele é muito complicado. E dá soberania aos estados, o que complica ainda mais, já que cada estado tem suas próprias leis. Não há um sistema federal, e neste ponto é completamente diferente do Brasil. Além disso, dentro de cada estado, os condados [municípios] também se metem um pouco”, destacou a advogada, explicando, em parte, o motivo de algumas localidades demorarem a divulgar os resultados dos votos - que, além de apresentados em papel, podem ser enviados pelos Correios, e também antecipadamente.

“Aqui também não é um voto por pessoa. Não basta contar milhões de votos [para declarar o vencedor]. É um modelo completamente diferente do brasileiro. O sistema norte-americano é todo ele baseado na proporcionalidade. Dependendo [do tamanho] da população, cada estado tem um peso. Muitos norte-americanos não entendem direito este sistema, que exige uma aula de horas para ser explicado”, comentou Ingrid.

Perguntada se, como membro do Partido Republicano, concorda com a estratégia da equipe de Donald Trump questionar, na Justiça, o resultado de estados-chave que podem decidir quem será o futuro presidente, se Trump ou o democrata Joe Biden, Ingrid foi sucinta. “A questão é que os dois partidos querem determinar que todos os votos legais sejam contados. É isto que republicanos e democratas querem. Todo cidadão quer chegar a um resultado correto, independentemente de quem vai ganhar. Todos os votos legais devem ser contabilizados”, disse a advogada, reconhecendo que, para além de exigências simples previstas em lei, como idade mínima, comprovante de domicílio no estado e título eleitoral válido, a controvérsia sobre a legalidade do voto está se dando, principalmente, em torno da data em que parte dos votos enviados pelos Correios foi recebida, e até quando estes devem ser contabilizados.

Agência Brasil

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