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Veja o que acontece ao corpo quando a gente come além da conta

Entre os processos está a liberação de hormônios que dão sensação de fome e de saciedade

Por Redação T5 Publicado em
Natal chegando: como aproveitar as festas sem culpa na alimentação
Natal chegando: como aproveitar as festas sem culpa na alimentação (Foto: Reprodução/ Redes Sociais)

Por que ainda sentimos fome depois de verdadeiros banquetes, como na ceia de Natal? Será que comer demais expande o estômago, o que significa que o órgão tem mais espaço para comer no dia seguinte? Só de pensar nisto está a ficar com fome? Então continue e a ler!

A resposta é que a maioria das pessoas não sente fome apesar da enorme quantidade de comida que consumiu recentemente. Mas, sente fome justamente por isso.

Mas, em primeiro lugar, o que é a sensação de fome?

Contrações, roncos e dilatações

Aquela pontada que dá vontade de comer é o resultado de uma série de mudanças fisiológicas dentro do organismo, explica a BBC.

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É verdade que o estômago muda de tamanho quando está cheio ou com fome. O órgão contrai-se à medida que a refeição é digerida para ajudar a encaminhar os alimentos em direção ao intestino. E ronca conforme o ar e a comida se movimentam, e os alimentos são empurrados para baixo, num processo chamado borborigmo, que geralmente é o primeiro sinal de que podemos estar com fome, uma vez que é sonoro e físico.

Depois de roncar, o estômago expande-se novamente, preparando-se para a comida — e tal é desencadeado por vários hormônios.

Mas não é bem verdade que comer 'aumenta' o estômago. Como o estômago é extremamente elástico, este volta à sua capacidade de repouso (cerca de 1-2 litros) após uma refeição farta. Na verdade, o estômago da maioria das pessoas tem capacidade semelhante.

O que talvez não tenhamos consciência é da libertação dos hormônios da fome: o NPY e AgRP do hipotálamo e a grelina do estômago. A grelina é expelida quando o estômago está vazio e estimula a produção de NPY e AgRP no cérebro. Esses dois hormônios são responsáveis por criar a sensação de fome, anulando os hormônios que nos dão a sensação de saciedade.

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Talvez contraintuitivamente, os níveis de grelina tendem a ser mais altos em indivíduos magros, e mais baixos em pessoas obesas. Poderia supor que um hormônio que estimula a fome estaria mais presente em pessoas que comem mais — mas essa contradição provavelmente reflete o quão complicado é o nosso sistema endócrino.

Saciedade

Embora apenas três hormônios sejam em grande parte responsáveis por gerar a sensação de fome, são necessários cerca de uma dúzia para nos fazer sentir saciados.

Alguns deles, GIP e GLP-1, são responsáveis por estimular a produção de insulina para regular a metabolização dos hidratos de carbono. Vários outros hormônios estão envolvidas na desaceleração da movimentação dos alimentos dentro do estômago, para dar tempo ao corpo de fazer a digestão.

Para pessoas obesas que têm baixos níveis de grelina, pode ser que altos níveis de insulina, necessários para metabolizar uma dieta rica em carboidratos, estejam inibindo a produção de grelina.

Dois são essenciais para reduzir a sensação de fome: CKK e PYY. Em pacientes com banda gástrica ajustável, que reduz o tamanho do estômago, o PYY é particularmente alto. E contribui para a perda de apetite.

Embora o estômago tenha um sistema hormonal para informar ao cérebro quando está vazio, isso geralmente é aumentado pela associação que fazemos entre a fome e os períodos do dia. Portanto, mesmo que tenha almoçado muito bem, ainda pode sentir fome no jantar.

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"Se come sempre um pedaço de chocolate ou um petisco depois do jantar, quando se senta no sofá para ver televisão, o seu corpo pode começar a associar o hábito de sentar-se no sofá com ver televisão e comer algo agradável, e, como resultado, quando vai para o sofá, sente desejo", diz Karolien van den Akker, investigadora do grupo Centerdata.

"Isso pode acontecer até quando está saciado; quando as suas reservas de energia estão cheias".

Comer demais não é mau, explica Van den Akker. Diferentemente do diagnóstico clínico de compulsão alimentar, em que quantidades muito grandes de comida são consumidas num curto espaço de tempo, sendo geralmente associada a sentimentos de repulsa, culpa ou vergonha, comer demais pode ser visto simplesmente como um hábito que as pessoas não gostariam de ter.

Mais social, mais comida

Em princípio, qualquer humor, mesmo positivo, pode tornar-se um gatilho de desejo, desde que seja consistentemente seguido por comida. E tem sido mostrado reiteradamente que comemos mais quando estamos na companhia de amigos.

Mesmo quando controla o consumo de álcool, em ocasiões especiais, seja pelo tempo que passamos à mesa e uma série de outros fatores, comemos mais quando estamos a ser sociais. Talvez porque o prazer da companhia ao nosso redor dificulte a concentração no controle de porções. Até pessoas sentadas num laboratório com uma tigela de massa vão comer mais se estiverem conversando com um amigo

Esse conhecimento também tem implicações na quebra de maus hábitos alimentares.

"Quando estamos tentando ajudar as pessoas a comer menos, focamos em 'desaprender' os desejos de comida adquiridos. Aqui, também tentamos garantir que os indivíduos aprendam que comer algo bom uma vez não significa que se deve fazer o mesmo nos próximos dias também ", diz Van den Akker.

Isto é importante porque outros estudos mostram que quebrar um bom hábito alimentar uma única vez pode ser suficiente para ter uma recaída no mau hábito.

Talvez não seja surpresa, portanto, que sintamos fome depois de uma refeição farta com a família e os amigos. Sentimos fome no dia seguinte — ou até no mesmo dia mais tarde — não porque nosso estômago 'aumentou', mas porque nos acostumamos a comer excessivamente em ocasiões especiais.

Se os nossos cérebros se deparam com todos os sinais - cheiros, sons, ambiente - associados a uma refeição farta no dia seguinte a um banquete, como no Natal, o órgão começa a preparar-nos para a segunda rodada.

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