Forças Armadas anunciam envio de tropas às ruas na Bolívia
O anúncio é uma resposta ao pedido de intervenção militar feito pela polícia momentos antes para conter uma reação violenta dos apoiadores de Evo Morales
O Comandante das Forças Armadas da Bolívia, Williams Kaliman, anunciou em cadeia nacional de televisão nesta segunda-feira (11) que vai enviar tropas às ruas do país para realizar "operações armadas em conjunto [com a polícia] contra grupos de vândalos".
O anúncio é uma resposta ao pedido de intervenção militar feito pela polícia momentos antes para conter uma reação violenta dos apoiadores de Evo Morales contra os opositores Carlos Mesa e Luís Fernando Camacho e contra o Congresso Nacional. Os protestos vêm na sequência da renúncia do agora ex-presidente, anunciada no domingo (10).
Centenas de moradores da cidade de El Alto desceram em direção a La Paz com o objetivo de chegar à sede do governo boliviano. Eram apoiadores de Evo, que gritavam: "Agora sim, guerra civil, agora sim, guerra civil".
"Mesa, Camacho, queremos sua cabeça", repetia a multidão.
Alguns dos moradores de El Alto disseram que a reação programada para hoje acontecia porque tiveram suas casas e comércios invadidos ou saqueados por apoiadores do opositor Camacho.
A carta de renúncia de Evo, que anunciou a saída do cargo no domingo (10), pressionado por intensos protestos e pelas Forças Armadas do país, chegou à Assembleia Nacional às 13h (14h em Brasília), segundo informou o deputado Wilson Santamaría.
Havia expectativa de que os parlamentares dessem sequência ao processo -é preciso validar quem será o novo presidente e definir os próximos passos para a sucessão. Por enquanto, o país segue acéfalo.
Mas a sessão no Congresso foi interrompida por volta das 16h (17h em Brasília) pelos manifestantes evistas que protestavam do lado de fora.
Antes de encerrar os trabalhos às pressas, a senadora Jeanine Áñez, que diz a seria a próxima na linha de sucessão, afirmou que quer "pacificar o país", que o movimento das últimas horas foi "cidadão" e que pretende encaminhar uma "transição para novas eleições".
Formalmente, Áñez não tomou posse, mas ela diz comandar a polícia e estar em contato com as autoridades regionais.
Ela precisou ser retirada da Assembleia e levada a um local desconhecido. No fim da tarde, a própria Assembleia também foi evacuada.
Leia também:
Em júri popular, acusado de matar namorada durante festa de Natal é condenado a 18 anos de cadeia