Correspondente do Portal T5 narra sexto dia de manifestações no Chile; veja
O número de mortos em decorrência dos protestos chegou a 15, segundo anunciou nesta terça-feira (22) o governo do país
A cearense Sabrina Lima, correspondente do Portal T5 em Santiago, no Chile, narrou os últimos detalhes do sexto dia de manifestações no país. Ela informou que as reivindicações, que começaram por conta do preço do transporte público, vem crescendo com o surgimento de outras pautas, como saúde, educação, o não militarismo, além do fim dos toques de recolher.
Sabrina relatou que estabelecimentos comerciais estão fechando as portas mais cedo e que filas de supermercados estão maiores do que o normal. Há crise também no aeroporto de Santiago, com muitos atrasos e cancelamentos de voo.
A cearense relatou ainda o caso de um motorista que jogou o carro em um grupo de manifestantes, após um toque de recolher. A ação deixou um morto e alguns feridos, segundo a jovem.
O número de mortos em decorrência dos protestos chegou a 15, segundo anunciou nesta terça-feira (22) o governo do país. O último balanço oficial, divulgado no dia anterior, contava 11 mortes. Rodrigo Ubilla, subsecretário do Interior, afirmou em entrevista coletiva que 11 das mortes até então confirmadas ocorreram na região metropolitana de Santiago e estão "associadas a incêndios e saques, principalmente de centros comerciais".
Outras três mortes aconteceram longe da capital e foram causadas por disparos de arma de fogo. Em Curicó (a 220 km de Santiago), um militar foi detido após um jovem de 25 anos morrer baleado durante uma manifestação, informou o promotor regional de Maule, Julio Contardo, ao jornal chileno El Mercurio.
Na segunda (21), um caminhão da Marinha atropelou um manifestante na cidade de Talcahuano, no sul do país, segundo a promotora Ana María Aldana. Ainda de acordo com Aldana, o condutor do veículo foi levado à polícia.
Além das mortes já contabilizadas, as manifestações já contabilizam cerca de 2.600 pessoas detidas e de 80 feridos por arma de fogo, segundo o Instituto Nacional de Direitos Humanos.
O presidente do Chile, Sebastián Piñera, queria uma reunião com líderes da oposição e do governo para buscar uma solução para a crise instalada. No entanto, a tentativa foi rejeitada pelos opositores.
"É inaceitável que ainda não tenhamos clareza sobre o que aconteceu", declarou em comunicado o Partido Socialista. O governo lamentou a rejeição dos opositores pela reunião e informou que espera por uma reconsideração para que todos "trabalhem juntos".
Ver essa foto no InstagramUma publicação compartilhada por Portal T5 (@portalt5) em 23 de Out, 2019 às 12:28 PDT
ENTENDA AS RAZÕES POR TRÁS DA CRISE NO CHILE
Aumento da tarifa Desde a semana passada, os transportes públicos de Santiago são alvo de vandalismo por causa do aumento de 3,75% das tarifas -os protestos se intensificaram na sexta (18). O governou justificou o reajuste alegando alta do preço do dólar e a necessidade de realizar obras de melhoria no sistema.
Elevado custo de vida Não são só os transportes que ficaram mais caros. Na última década, o preço para alugar e comprar imóveis aumentou cerca de 150% -a alta foi sentida principalmente nos grandes centros urbanos. Neste ano, as tarifas de luz tiveram alta de 10,5% em maio e 8% em julho -a valorização do dólar foi novamente citada pelo governo como justificativa.
Educação e saúde precárias O Chile não possui um sistema de saúde público, e os preços dos remédios são altos para a maioria da população. Desde 2011, movimentos estudantis protestam por educação universitária gratuita. Após profundas reformas, o sistema estatal de aposentadoria paga pensões menores que o salário mínimo.
Corrupção As forças de segurança que reprimem os protestos estão no centro de escândalos revelados nos últimos anos. Membros da alta cúpula do Exército chileno são acusados de se apropriar de quase US$ 7 milhões, que teriam sido gastos em regalias como viagens e presentes a familiares. Mais de cem policiais são investigados por desviar cerca de US$ 38 milhões da corporação.