Em vitória de Trump, EUA e Guatemala firmam acordo migratório
Trump afirmou que o acordo "vai dar segurança aos solicitantes de asilo legítimos e impedirá fraudes e abusos no sistema de asilo"
WASHINGTON, EUA, E CIDADE DA GUATEMALA, GUATEMALA (FOLHAPRESS) - Os Estados Unidos e a Guatemala firmaram nesta sexta-feira (26) um acordo de asilo para imigrantes, anunciou a Casa Branca, após o presidente Donald Trump ameaçar o país centro-americano com a imposição de tarifas.
A porta-voz da Casa Branca informou que a partir de agora a Guatemala será considerada um "terceiro país seguro", onde os imigrantes solicitarão asilo em vez de permanecer nos EUA.
Segundo o secretário interino de Segurança Interna, Kevin McAleenan, aqueles que chegarem aos Estados Unidos sem ter solicitado asilo na Guatemala serão devolvidos ao país da América Central.
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Trump afirmou que o acordo "vai dar segurança aos solicitantes de asilo legítimos e impedirá fraudes e abusos no sistema de asilo". "Eles estão fazendo o que pedimos para eles fazerem", prosseguiu o presidente a repórteres, chamando o presidente guatemalteco Jimmy Morales de "cara fantástico".
O acordo foi firmado no Salão Oval da Casa Branca com o ministro do Interior da Guatemala, Enrique Degenhart.
O governo guatemalteco afirmou em um comunicado que o pacto –que não chamou de acordo de "terceiro país"– permitiria a seus cidadãos solicitar vistos temporários para trabalhar no setor agrícola dos EUA, e, no médio e longo prazo, permissões de trabalho para os setores de construção e serviços.
Trump tinha previsto receber Morales no dia 15 de julho, mas, horas antes da visita, a Corte Constitucional do país advertiu que qualquer acordo para tornar a Guatemala um "terceiro país seguro" deveria ser aprovado pelo Congresso, o que levou ao cancelamento do encontro. Os parlamentares estão em recesso.
Após o incidente, Trump ameaçou a Guatemala com tarifas sobre suas exportações, além da aplicação de taxas nas remessas de dinheiro dos EUA para o país centro-americano.
Os dois candidatos que decidirão no dia 11 de agosto quem será o sucessor de Morales rejeitaram o acordo com os Estados Unidos.
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A social democrata Sandra Torres e o conservador Alejandro Giammattei criticaram a decisão do atual mandatário, que ignorou uma resolução da Suprema Corte sobre a ilegalidade do acordo.
"Devo me pronunciar contra o documento firmado sem a devida divulgação do conteúdo à população de #Guatemala", publicou em uma rede social Giammattei, que qualificou a decisão de "irresponsabilidade por parte do presidente Jimmy Morales".
Torres declarou que o presidente "segue mentindo, enganou o presidente [da Argentina, Mauricio] Macri e agora enganou Trump", em referência à fracassada compra de dois aviões de uma empresa estatal argentina em 3 de julho.
"Estamos perdendo o país nas mãos de um presidente irresponsável", concluiu.
Uma das nações mais pobres das Américas, a Guatemala tem pouca experiência em receber um grande número de requerentes de asilo, e uma grande onda de refugiados prejudicaria os recursos limitados do país.
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Apenas 262 pessoas solicitaram o status de refugiado na Guatemala entre janeiro e novembro de 2018, de acordo com dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).
Em comparação, quase 200 mil pessoas que viajam em famílias de El Salvador e Honduras foram detidas na fronteira dos EUA desde outubro, com muitos deles solicitando asilo.