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Popstar, vice vira 'primeiro-assessor' de Witzel

Os planos mudaram quando o ex-juiz Wilson Witzel (PSC) não encontrou partidos para se aliar na disputa pelo governo.

Por Redação T5 Publicado em
Wilson Witzel 03 01 2019
Cariocas ignoram pedido de Witzel e vão à praia em sábado de Sol Cariocas ignoram pedido de Witzel e vão à praia em sábado de Sol Foto: Luciano Belford / Agência O Dia / Estadão Conteúdo

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A sala do vice-governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PSC), é decorada por símbolos religiosos, uma bandeira da Polícia Militar, entre outros itens. Quase nada foi levado por ele, mas sim deixado pelo seu antecessor, Francisco Dornelles (PP).

Instalado no quinto andar do prédio anexo ao Palácio Guanabara, Castro era até meados do ano passado um cantor religioso, membro da Renovação Carismática da Igreja Católica, cuja principal meta de curto prazo era renovar seu mandato na Câmara Municipal, para o qual foi eleito com 10.262 votos.

Os planos mudaram quando o ex-juiz Wilson Witzel (PSC) não encontrou partidos para se aliar na disputa pelo governo. Ao se recusar a abrir mão de sua candidatura, apesar de figurar com 1% de intenção de voto nas primeiras pesquisas, teve de encontrar na própria sigla um companheiro de chapa.

"Uma ala defendia uma vereadora de Quissamã e outra o meu nome. Como ela não podia, porque era servidora da prefeitura e não havia se desincompatibilizado, o partido me convidou", contou ele.

Castro teve de cancelar sua participação no festival Halleluya –espécie de Rock'n Rio católico–, marcado para o fim de semana anterior do primeiro turno. De lá para cá, a ascensão meteórica do atual governador o levou para aquela sala que ainda não parece sua.
Já no início do governo, Castro recebeu a incumbência de tocar dois órgãos alvos de investigação da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro.

Tanto o Detran como o DER (Departamento de Estradas e Rodagem) foram objeto de acusações de corrupção na gestão do ex-governador Sérgio Cabral (MDB).

"Tudo que está comigo são coisas que ele [Witzel] queria próximos dele. Faço relatórios semanais de tudo o que está acontecendo", disse ele.

"Aqui tem um governador só. Sou o primeiro-assessor do governador e me porto assim. Esse foi um dos motivos de não ter me tornado secretário. Ele até perguntou se eu queria alguma secretaria e eu respondi: 'Não, eu quero te ajudar'", declarou.

No Detran, o Ministério Público Federal afirma que o loteamento político dos postos de vistoria era tal que até uma lista era produzida na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro para controle de quais unidades pertenciam a quem. A primeira medida do governo Witzel foi, segundo Castro, nomear servidores de carreira para a chefia de postos e diretorias do departamento.

O vice-governador, contudo, não descarta que parte dos funcionários do departamento seja ligada a deputados.

"Não se pode criminalizar todos os indicados. Tem gente que foi indicada uma vez na vida, mas trabalha todo dia. Tem gente que foi indicado pelo Hugo Leal [deputado federal] há 12 anos e continuou. Acabou virando da casa. Não queremos criminalizar tudo", disse ele.
Leal é ex-presidente do Detran e um dos políticos para o qual Castro já trabalhou. Outro, mais próximo do vice, é o deputado estadual Márcio Pacheco (PSC), de quem foi chefe de gabinete e dividiu palcos de shows gospel.

Castro é cantor desde 1996, quando era o vocalista da banda "Em nome do Pai". Agora, em carreira solo, lançou dois CDs –o último em 2015. Ele também foi por sete anos coordenador do Ministério de Fé e Política da Arquidiocese do Rio de Janeiro.

O vice-governador rejeita se apresentar como um representante da Igreja Católica no governo fluminense. Nem sequer demonstra preocupação com o avanço de evangélicos tanto sobre os fiéis católicos como na representação política.

"Eles entendem essa questão da representatividade de forma mais forte, de defender os valores nos meios públicos. A Igreja Católica tem uma visão mais para a sociedade toda", disse ele.

"A Igreja Católica não tem o seu representante oficial. Não é a forma dela agir. Eu sou um católico na política", disse.

Para ele, sua função no cargo não é resgatar um protagonismo político ou confessional da Igreja Católica.

"A igreja sempre esteve mais preocupada com os seus, e não com o crescimento do outro. Sempre nos preocupamos em ter gente de qualidade, e não aquele católico de IBGE. A pessoa tem que se sentir bem. E a Renovação Carismática é isso, ela quer que a pessoa se sinta bem", afirmou.

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