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Repressão aumenta na Venezuela, e Guaidó diz que será golpe se for preso

Guaidó se auto declarou presidente da Venezuela em janeiro

Por Redação T5 Publicado em
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Foto: Federico Parra/AFP

A repressão da ditadura de Nicolás Maduro começou cedo nesta quarta-feira (1º) em todos os 20 pontos de concentração organizados pela oposição.

As pessoas ainda estavam chegando, com suas bandeiras, bonés, muitas em grupos de amigos, casais e famílias, na região nobre de Altamira, no final da manhã, quando a Guarda Nacional Bolivariana começou a fazer um cerco impedindo a passagem de manifestantes.

Estes, por sua vez, levantaram algumas barricadas de metal ou improvisadas com sacos de lixo e materiais de construção para impedir que os oficiais chegassem mais perto. Não adiantou; os obstáculos foram derrubados e, ainda que a manifestação estivesse pacífica, sem a presença de grupos de encapuzados ou membros do La Resistencia, que costumam armar-se de pedras e coquetéis molotov, os oficias avançaram.

Na altura do distribuidor Altamira, mesmo local onde se concentrou o grupo pró-oposição na terça (30), a GNB começou a diluir a marcha. Os que estavam concentrados saíram correndo em diversas direções; os que vinham descendo (o bairro fica num local alto), voltaram a subir.
Os manifestantes, com os olhos afetados pelas bombas de gás lacrimogêneo, não viam direito o caminho e muitos tropeçaram nos escombros das paredes de proteção da avenida, que haviam sido derrubados pela própria GNB na manifestação do dia anterior.

Esta repórter estava atravessando o local para dirigir-se a uma outra concentração quando a moto em que viajava meteu-se numa fumaça proveniente de uma das bombas.
Alguns metros depois, já longe da concentração, encontrou-se com um grupo composto por uma família e duas mulheres, que se limpava com água e bicarbonato e emprestavam panos molhados para outros atingidos.

"Somos famílias, teve gente que veio com filho pequeno, ninguém está provocando, eles são sádicos", disse à reportagem Diana Torres, 39, enquanto limpava os olhos da filha adolescente.
Em Altamira, ainda assim, as pessoas continuaram se concentrando, enquanto em três outros pontos da cidade, Paraíso, Santa Monica e La Florida, jornalistas venezuelanos informaram ter acontecido o mesmo, causando a dissolução completa dessas frentes.

O líder oposicionista Juan Guaidó fez um discurso no bairro de El Marqués, no leste de Caracas, para uma multidão de manifestantes. Ele prometeu continuar com ações diárias, até a queda de Maduro, e disse que a única maneira de haver um golpe de Estado é se o prenderem.

"Vamos continuar na ruas até conseguir a liberdade de toda a Venezuela", discursou.
Guaidó também falou que há planos de convocar paralisações parciais de trabalhadores para os próximos dias. "Amanhã vamos seguir a proposta que nos fizeram de paralisações escalonadas, até conseguir uma greve geral", disse.

"Agora vamos todos falar com os militares. Vamos todos somar com a causa, assim como os funcionários públicos. A partir de amanhã, com sua faixa azul, que representa dizer a eles que já basta", disse Guaidó, em referência ao pedaço de pano azul amarrado nos braços que está sendo usado por soldados para identificar sua lealdade à oposição.

"Na Venezuela, a única forma de ter golpe de Estado é que me prendam. E, pelo contrário, hoje os valentes militares e civis que dão um passo à frente estão com a nossa Constituição", disse.

Guaidó se declarou presidente encarregado da Venezuela em janeiro, sob interpretação da Constituição de que Nicolás Maduro não é um presidente legítimo porque houve fraude nas eleições de 2018.

Ele também ressaltou ter respaldo internacional e apoio de militares. "Nunca retrocedemos. Já não só os soldados valentes de Cúcuta, os sargentos de Cotiza, agora temos os militares de ontem em La Carlota".

"A família militar sabe quem se esconde e quem dá as caras. Também sabe quem nos persegue e quem nos apoia. Se o regime acreditava que havíamos chegado ao máximo de pressão, se equivocaram", afirmou.

Está previsto que Guaidó fale novamente, mais ao fim do dia, na praça Altamira.
Já Leopoldo López, sua mulher, a ativista Lilian Tintori e uma das filhas do casal passaram a noite na residência do embaixador da Espanha e não está previsto que saiam dali, uma vez que López é considerado agora um fugitivo da Justiça.



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