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Capital colorida

Em arte e cores, artistas desenham amor pelas ruas de João Pessoa

Portal T5 conversou com grafiteiros que espalham cores e transformam muros pela Capital paraibana

Por Juliana Alves Publicado em
Graffiti da Praça do Carro Antigo foi entregue nesta sexta (5), aniversário de João Pessoa
Graffiti da Praça do Carro Antigo foi entregue nesta sexta (5), aniversário de João Pessoa (Foto: Juliana Alves/Portal T5)

João Pessoa anda mais colorida e parece ainda mais jovem do que séculos atrás. Uma das razões para essa juventude tem cheiro de tinta, som de spray e se chama graffiti. É pelas mãos dos grafiteiros que a cidade ganha mais cor, mais vida. E olhar nessa perspectiva permite ver além da estética.

Não precisa de muito esforço para identificar como a arte a céu aberto transforma o espaço e as interações sociais. Certamente você já fez ou curtiu alguma foto de asas coloridas grafitadas em um muro, por exemplo. Essa identificação ou sensação de acolhimento é explicada pelo grafiteiro Amadeus Silva. Para ele, graffitar é “imprimir na cidade a identidade dela”.

A pedagoga e grafiteira Elizabeth Carneiro - ou somente Beth - também acredita nessa ideia. Ela entende que a intervenção artística feita em João Pessoa faz bem para os moradores e para vivência coletiva deles. “É muito bacana preencher um lugar que tá sem vida, sem cor”, disse. “Mesmo sem tá pronto, as pessoas passam, tiram foto e elogiam. É muito positivo”.

Cidade tatuada

Em João Pessoa não é difícil encontrar espaços ocupados pelo graffiti. Essa arte pode ser contemplada, por exemplo, por quem passa pela Avenida Dom Pedro II, pelo Trevo das Mangabeiras, em um passeio pela Praia do Cabo Branco ou em tantos outros locais da cidade. Os desenhos são diversos, assim como os estilos, as cores e os artistas.

Patrícia Oliveira é natural do Rio de Janeiro, mas mora na capital paraibana desde criança. Ela é uma das grafiteiras que espalha arte e ajuda a colorir a cidade. Do José Américo à Manaíra. De Mangabeira ao Centro.

Tatuadora tímida e de poucas palavras, ela falou sobre o sentimento de fazer “tatuagens” nos muros de João Pessoa. Satisfeita, resumiu: “É uma espécie de terapia. Eu gosto. Muita gente para e tira fotos, pergunta como surgiu a ideia do desenho... É legal”.

Mulheres grafiteiras

A jornalista e grafiteira Kalyne Lima, ao lado de Beth e Patrícia, atua no coletivo Crew'Olinas. O grupo surgiu da necessidade de “representatividade e de uma postura de militância feminina no graffiti”. Ao T5, ela falou sobre a importância de estar nesse lugar e ser ponte para outras mulheres.

“Quando a gente pinta um paredão, estamos ocupando um espaço majoritariamente ocupado pelos homens. Assim, mesmo que essa arte não tenha visualmente uma postura política, o ato de estarmos aqui, em um espaço de extrema visibilidade, é um ato político”, destacou ela.

 "A gente entende que existe um propósito. Não é só a arte pela arte. Ou o trabalho pelo trabalho. É a existência e a resistência de mulheres fazendo esse tipo de manifestação artística, na rua”.

Presente de aniversário

Nesta sexta-feira (5) João Pessoa completa 437 anos e recebe dos grafiteiros um presente colorido e cheio de identidade. Na praça do Carro Antigo, no bairro Manaíra, está exposto um graffiti com pontos turísticos da cidade e traços característicos do lugar. A obra é assinada pelo coletivo Crew'Olinas, convidado pela prefeitura para colorir o espaço.

Antes de ficar pronto, o graffiti da praça já chamava a atenção de moradores do local. Muitos paravam diante do paredão, da arte exposta. Contemplavam e concordavam: se muro precisa ser pintado, que seja com arte.

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