Mundial de Atletismo: paraibano leva ouro em lançamento de disco em Dubai
Com os resultados, o Brasil alcança a façanha de conquistar medalha em todas as provas disputadas no campo nesta edição do Mundial.
A competição é realizada no Dubai Club for People of Determination desde a quinta-feira, 7. A Seleção Brasileira conta com 43 competidores entre os 1.400 inscritos de 120 países no Mundial de Dubai, que segue até esta sexta-feira, 15.
A prova de Beth Gomes foi tão disputada que as três primeiras colocadas estabeleceram recordes mundiais. A organização do Mundial agrupou três classes numa única disputa F51/F52/F53, para cadeirantes sem controle total de tronco.
“Como a disputa foi feita com junção de classe, venceria a melhor. Depois que a ucraniana bateu o recorde, coloquei na minha cabeça que iria ultrapassar aquela marca e foquei no campo. No último lançamento, meu disco voou mais longe”, relatou.
O bronze ficou com Zoia Ovsii, da F51, com 13,52m, seguida de Iena Lebiedieva (F53), com 16,26m - ambas ucranianas. Beth é F52 e superou a todas com 16,89m em sua última tentativa.
“A emoção é muito grande. Eu estava muito ansiosa, nem consegui dormir direito. Eu vim preparada, com foco que tudo daria certo, e hoje eu sou a melhor do mundo. Agora vou trabalhar para chegar bem em Tóquio 2020”, disse Beth.
Beth era jogadora de vôlei quando foi diagnosticada com esclerose múltipla em 1993. Ingressou no Movimento Paralímpico pelo basquete em cadeira de rodas até experimentar o atletismo. Chegou a praticar as duas modalidades simultaneamente até optar pelas provas de campo em 2010.
O ouro de Cícero veio na sequência. Ele foi o 11º a lançar o dardo entre os 12 participantes - por este motivo, a prova teve a duração de duas horas e 33 minutos. Na segunda tentativa, ele atingiu 48,59m, apenas um centímetro do recorde mundial. O melhor lançamento foi no quinto da série de seis. Quando cravou o dardo no campo do Dubai Club for People Of Determination a 49,26m derrubou a performance do iraniano Amanolah Papi, contra quem competiu diretamente pelo topo do pódio nesta quinta-feira, e até então detentor do recorde mundial.
Papi lançou logo em seguida ao paraibano da cidade de Igaracy, no entanto o mais próximo que chegou foi 47,80m, que lhe rendeu a prata. O bronze foi para a Síria, com Mohamad Mohamad (46,01m).
“A prova foi tensa. A partir do momento que eu aqueci, já senti que dava para fazer uma boa marca. No quinto lançamento, veio o recorde, mas só fiquei tranquilo depois que o último atleta terminou porque ele era o recordista mundial. Trabalhei muito duro para estar aqui e ser campeão mundial é sensacional”, comentou Cícero.
Cícero tem má-formação congênita bilateral nos pés. Em 2011, um cadeirante o abordou na rua e o convidou para conhecer o paradesporto. O atleta iniciou na natação e migrou para o atletismo em 2013.
A última medalha da madrugada veio com a alagoana Marivana Nóbrega. No arremesso do peso da classe F35, ela atingiu 9,44m, e só duas atletas foram capazes de marcas melhores que ela. A chinesa Jun Wang ficou com a prata com 10,94m, e a ucraniana Mariia Pomazan, ouro (12,94m). Marivana consegue, com o resultado desta quinta-feira, repetir o resultado do último Mundial em que esteve presente, em Doha 2015, e dos Jogos Paralímpicos do Rio 2016.
“Posso dizer que me considero uma atleta experiente, mas o nervosismo bate. Eu tinha a consciência que se eu fizesse o meu melhor, eu sairia de Dubai com uma medalha, independentemente da cor, respeitando sempre as adversárias. Porque em Campeonato Mundial estão as melhores do mundo, então é natural, mas se não existir o frio na barriga, não tem porque estar aqui representando o país”, disse a atleta, Marivana que teve paralisia cerebral por falta de oxigenação no cérebro, que afetou seus membros inferiores.
Nas disputas da segunda sessão do dia, apenas um brasileiro competirá. Rodrigo Parreira disputará a final do salto em distância da classe T36 às 11h03 (de Brasília).
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