Desemprego cai e atinge marca de 11,9 milhões
No trimestre encerrado em agosto para o trimestre encerrado em novembro, a taxa de desemprego caiu de 11,8% para 11,2%. Ainda assim, 11,9 milhões de pessoas continuam sem ocupação.
ANA LUIZA ALBUQUERQUE
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A perspectiva de melhora nas vendas de Natal e a preparação para as férias de verão elevaram as contratações neste final de ano e puxaram a redução do desemprego, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (27) da PNAD do IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
No trimestre encerrado em agosto para o trimestre encerrado em novembro, a taxa de desemprego caiu de 11,8% para 11,2%. Ainda assim, 11,9 milhões de pessoas continuam sem ocupação.
O resultado é levemente melhor que o projetado pelo mercado. A estimativa dos analistas consultados pela agência Bloomberg era uma taxa de 11,4%. Há um ano, era de 11,6%.
No entanto, a avaliação dos técnicos do IBGE é que esse cenário de melhora é incipiente, sem volume para alterar a atual estrutura do mercado de trabalho no Brasil, ainda marcado fortemente pela informalidade.
Adriana Beringuy, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, ressalta que a informalidade foi um fator marcante na expansão da ocupação em 2019.
"Permanece a característica estrutural do nosso mercado de trabalho, com predomínio de trabalhadores por conta própria em atividades que têm crescido muito nos últimos anos, como é o caso do transporte, com os motoristas de aplicativo", diz.
Das 785 mil vagas criadas de setembro a novembro, quase 70% estão associadas ao movimento de final de ano.
A pesquisa mostra que 338 mil postos foram gerados pelo comércio para atender duas datas importantes no calendário do setor, a Black Friday, em novembro, e o Natal, em dezembro.
Outras 204 mil vagas foram abertas nos setores de alojamento e alimentação, segmento de hotéis, bares e restaurantes que se organiza para atender as férias de verão.
De maneira mais estrutural, 180 mil vagas foram abertas na construção, setor que esboça recuperação mais consistente desde o início do segundo semestre do ano.
Na avaliação dos técnicos do IBGE, a volta das contratação de final de ano, ainda que em sua maioria seja de vagas temporárias, próprias do período, é um elemento positivo na recuperação da economia como um todo e do emprego em particular.
A volta da sazonalidade indica especialmente que o comércio está reagindo.
Em 2015 e 2016, apontam os dados do IBGE, a economia não tinha forças para gerar nem vagas temporárias no final do ano.
O fato de o movimento ser puxado pelo varejo contribuiu para uma melhora, ainda que pequena, na formalização do mercado.
O número de trabalhadores com carteira assinada cresceu 1,1% em relação ao trimestre anterior, com 378 mil pessoas no regime CLT. Desse total, 240 mil foram trabalhar no comércio. Em comparação ao mesmo período do ano passado, o avanço foi de 1,6%, mais 516 mil pessoas com carteira assinada.
O número total de empregados com carteira assinada, sem contar os trabalhadores domésticos, chegou a 33,4 milhões no setor privado.
Outro dois dados sinalizam uma melhora no ambiente de trabalho.
A população subutilizada, que reúne pessoas que trabalham menos do que poderiam ou em atividades que consideram inferiores à sua capacidade, caiu 4,2%. Foram quase 1,2 milhão de pessoas deixando essa condição. Ainda assim, há 26,6 milhões de trabalhadores subutilizados no país.
O número dos chamados desalentados, pessoas que desistiram de procurar emprego, ficou estatisticamente estável: 4,7 milhões pessoas, o equivalente 4,2% da força de trabalho.
No entanto, a informalidade ainda persiste. Um dos indicadores de que a tendência de alta da informalidade persiste está no crescimento de trabalhadores por conta própria. O número de pessoas que se declaram atuar por conta própria cresceu 1,2% frente ao trimestre anterior (303 mil pessoas) e 3,6% em relação ao mesmo período de 2018 (861 mil pessoas).
Do total de trabalhadores informais do país, que já somam 38,8 milhões de pessoas, trabalhavam por conta própria no trimestre avaliado 24,6 milhões de pessoas, um novo recorde na série da PNAD Continua, iniciada em janeiro de 2012.
De acordo com Adriana Beringuy, do IBGE, a informalidade gera duas principais consequências. Primeiro, a estabilidade dos rendimentos, que não têm crescido porque esse tipo de ocupação paga menos. Segundo, a tendência de queda da contribuição previdenciária.
A população ocupada bateu recorde, atingindo 94,4 milhões. Houve um aumento de 0,8% em relação ao trimestre anterior e 1,6% em relação ao mesmo período de 2018. São 63.274 empregados, 4.483 empregadores, 24.597 atuando por conta própria e 2.062 na categoria trabalhador familiar auxiliar.