PIB recua 0,2% e mostra economia estagnada no início do governo Bolsonaro
O número negativo é um mau sinal, pois se trata do primeiro resultado no vermelho após dois anos (oito trimestres) seguidos de recuperação da atividade
MARIANA CARNEIRO E NICOLA PAMPLONA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Os primeiros três meses do governo do presidente Jair Bolsonaro foram marcados pela economia estagnada.
O IBGE informou nesta quinta-feira (30) que o PIB contraiu 0,2% de janeiro a março, ante o 4º trimestre de 2018, confirmando o quadro de letargia que vem sendo descrito por economistas.
É o primeiro resultado no vermelho após dois anos (oito trimestres) seguidos de recuperação da atividade, ainda que com desempenho fraco. O PIB crescera 1,1% em 2017 e em 2018, após mergulhar 7,6% em 2015 e 2016.
Nos últimos três meses de 2018, o desempenho foi de 0,1% e não houve revisão.
Pesquisa da agência Bloomberg indicava que a maior parte dos entrevistados projetava que o PIB recuaria 0,2% no primeiro trimestre.
Já em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, a economia teve uma leve alta de 0,5%. Os analistas entrevistados pela Bloomberg previam uma alta igual.
Com o nível atual de atividade, a economia ainda não recuperou o que perdeu na crise. No primeiro trimestre, o PIB ainda estava 5,3% abaixo do pico atingido no primeiro trimestre de 2014. Hoje, a economia roda no mesmo patamar do primeiro semestre de 2012.
O PIB neste início de 2019 ficou no negativo em seus principais componentes, quando comparado ao retrato do último trimestre do ano passado.
Os números desta quinta-feira eram esperados com certa ansiedade por analistas, que já anteveem dificuldades para a economia também no segundo trimestre.
Os primeiros dados de abril, sobre a confiança, apontam para uma atividade mais fraca. São resposta às incertezas provocadas pelo desarranjo político do governo Jair Bolsonaro, incapaz de organizar a relação com o Congresso Nacional.
Para economistas, a aprovação da reforma da Previdência é fundamental para limpar o horizonte no médio e longo prazo, garantindo a sustentabilidade das contas do governo, em deficit desde 2014. O temor é que, sem moderar a evolução dos gastos, o governo sancione uma escalada inflacionária.
Investidores do mercado financeiro costumam antecipar estes movimentos, uma das razões da alta do dólar e da desvalorização da Bolsa nas últimas semanas.
A incerteza sobre a solvência do Estado está produzindo a mais lenta reação da economia da história, o que levou analistas a discutirem se o PIB está em depressão -um estágio mais grave de crise econômica.
O debate foi levantado pela equipe do ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore, que analisou o comportamento decepcionante da renda dos brasileiros após o mergulho na recessão em 2014.
Boa parte dos analistas ainda tem como diagnóstico uma economia estagnada, porém sob risco crescente de nova recessão, o que debilitaria ainda mais o emprego e a renda.
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