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Pesadelo na cozinha

Dono de restaurante que desligava o freezer foi ameaçado de morte após aparecer em reality de Jacquin

O proprietário do Pé de Tava contou, em entrevista, que foi hostilizado após o programa ir ao ar

Por Redação T5 Publicado em
Fabio lima erick jacquin
Foto: Reprodução/ Band

Mesmo com o fim da temporada,  o programa "Pesadelo na Cozinha", comandado pelo chef Erick Jacquin, ainda tem dado o que falar na internet. Principalmente depois de um acontecimento do primeiro episódio exibido viralizar.

Erick Jacquin perdeu a paciência com o alagoano Fábio Lima, de 35 anos, que há quatro comanda o restaurante Pé de Fava, em Guarulhos, na grande São Paulo. Entre outras coisas, o que irritou o também jurado do "Masterchef Brasil" foi o fato de ele desligar o freezer durante longos períodos com o objetivo de economizar energia.

A situação virou meme, mas também gerou críticas e o proprietário recelou que recebeu até mesmo ameaça de morte.

Visivelmente desesperado nas imagens da atração, Fábio Lima viveu dias de tristeza após a exibição do episódio, mas agora já sonha até expandir os negócios. Foi o que ele contou em uma entrevista ao Jornal EXTRA.

Confira!

Depois que o Pé de Fava apareceu no "Pesadelo na Cozinha", qual foi a repercussão no restaurante?

Na primeira semana, a repercussão foi negativa. Fiquei bem desanimado, triste, estarrecido mesmo. A ideia do programa era mostrar dificuldades e benfeitorias do restaurante, mas focaram mais nos problemas do que nas soluções. Editaram muita coisa. Não mostraram, por exemplo, o meu trabalho com moradores de ruas. Alguns restaurantes da região esperam dar 16h e distribuem o que sobrou no dia para eles. Eu não. Sirvo a mesma comida aos meus clientes e a eles. Se alguém chega aqui com fome ao meio-dia, por que esperar até 16h, quando a casa vai fechar, para dar um prato de comida? Não faz sentido. A TV quis enfatizar um Fábio truculento, grosso, que destrata as pessoas. Recebi até ameaças de morte. Invadiram meu Facebook. Cheguei a apagar minhas fotos com o Jacquin e os comentários. Diziam que sou nordestino, mas não sou representante do nordeste, que sou machista, entre outras coisas. Foi um horror.

E depois melhorou ou continuou ruim?

Na segunda semana, começaram a vir muitos clientes. A maioria das pessoas, no entanto, era de alto padrão. Eu olhava para o meu estacionamento e só tinha carrão. Nunca vi tanto carro de luxo ali. Esses clientes achavam que estavam indo para o restaurante do Jacquin. Chegaram aqui me perguntando onde estava o mâitre. Respondi: 'não trabalha ninguém aqui com esse nome, não. Sei lá que troço de mâitre é esse (risos)!'. Depois descobri. Daí pediram para ver a carta de vinhos. Só que se eu colocar vinho aqui, vai passar da validade e estragar. Esse não é meu público. Queriam garçom exclusivo... meu restaurante é simples. Como não atendi às expectativas, saíram me xingando.

Como você lidou com as críticas do público?

Hoje, mal olho rede social. A gente não tinha perfil de Facebook do restaurante, nem conta no Instagram. Daí começaram a criar páginas falsas do meu estabelecimento, surfaram na onda. Começou a estourar meme na internet. Daí criamos os perfis originais. Agora, tem tido uma boa repercussão. Tive até que contratar uma empresa para gerenciar as redes sociais. Sem contar que me pedem para tirar fotos toda hora. Só hoje (eram 14h15 quando aconteceu a entrevista), eu já tirei umas quinze. Duas pessoas estão filmando o restaurante neste momento. Estamos bombando!

Mudou algo no perfil de funcionamento do Pé de Fava?

Instalei churrasqueira. Continuo no esquema de self-service liberado, mas agora cobro R$ 15 com direito a uma porção de churrasco. Se a pessoa quiser bufê liberado e churrasco à vontade, daí o valor é R$ 20. Antes, eu cobrava R$ 13, mas não oferecia churrasco. Como fiz esse investimento no grill e o ambiente ficou mais agradável após a reforma, pude subir um pouquinho o preço. Ainda não tenho lucro exorbitante (estou na faixa de 15 a 20% de aumento), mas já vejo uma luz no fim do túnel. Antes, eu ficava no zero a zero. Só pagava as contas do restaurante.

Descobriu onde estava errando para não ter lucro?

Eu não conseguia controlar a quantidade de proteínas. Recebia muitos pedreiros, clientes simples, que comem bastante, porque trabalham muito e sentem fome. E o que encarece os custos é exatamente a mistura (leia-se acompanhamentos). Sirvo quinze opções de pratos quentes, seis saladas, além de banana e melancia na sobremesa, mas o povo quer mesmo é a carne, a proteína. Agora, com o churrasco, eu controlo esse volume melhor. Se o cara quiser comer mais, vai pagar R$ 20. Logo após o programa, eu contratei muito extra: um auxiliar de cozinha, dois garçons, um auxiliar de serviços gerais para lavar louça... tudo isso encarece o custo operacional.

A afirmação de que desligava o freezer para economizar deu o que falar...

A história do freezer foi algo pontual. Eu recebia as mercadorias e estocava. Só que, às vezes, o freezer gelava muito e elas empedravam, a ponto de não dar para usar no dia seguinte, porque não descongelavam a tempo. Daí o Edmilson (funcionário responsável pela função) me perguntava se poderia desligar o freezer durante a noite para, no dia seguinte, estarem prontas para uso na cozinha. Só que ele (Edmilson) é bocudo e falou isso logo no programa. Daí gerou a confusão toda. Como desligávamos, uma consequência era economizar energia, mas colocaram isso como se fosse algo rotineiro, o que não é verdade. Era bem pontual.

Você chegou a ter problemas com os clientes por causa do desligamento?

Não, ninguém passou mal, nunca tive problemas. Houve um certo sensacionalismo em torno disso. E oportunismo também. Um monte de gente começou a nos avaliar negativamente no Google. Davam nota ruim dizendo que passaram mal, que a comida não estava boa... Só que eram pessoas que nunca pisaram aqui. Comecei a olhar os perfis dos usuários: era morador do Espírito Santo, do nordeste, de outras regiões. Fizeram essa maldade com base no que foi exibido no programa.

E agora, continua desligando o freezer à noite?

Hoje, quase não estocamos nada, então usamos pouco os freezers. Tenho um para as verduras e outro para as batatas. Mas há cerca de um mês, fiz uma parceria com um açougue. Enão, recebo sempre as proteínas frescas, prontas para uso naquele dia. Assim, consegui otimizar e continuar economizando energia.

Pararam então de te perturbar?

Tenho recebido muitas ligações no telefone do restaurante. As pessoas me perguntam se o freezer está ligado. Quando atendo, eu entro na brincadeira. Digo: 'agora está ligado, mas à noite vou desligar'. Isso é igual apelido. Se você se incomoda, pegam ainda mais no seu pé.

Já que o restaurante está bombando, pensa em abrir uma filial?

Surgiu uma demanda por alta gastronomia de comida tipicamente nordestina, mas com pegada moderna. Então, em sessenta ou noventa dias, já abro o Pé de Fava 2 com esse perfil. Além de pratos característicos, teremos moqueca, camarão à moda da casa, peixes... Estou até negociando com um chef de cozinha do ramo. Vamos fazer um ambiente descontraído, mas para um público de poder aquisitivo melhor. Não vai ser preço popular, como pratico aqui. Faremos uma cozinha para paladares apurados. Preciso surfar esta onda. Então, estou pesquisando regiões para inaugurar a casa no ponto certo. Tem um grupo de investidores interessado, mas a proposta não me agradou. Plantei os frutos, agora quero colher. Eles não plantaram e querem colher às minhas custas. Não pode!

Com tanto interesse, dá até para pensar em expansão, não?

No programa, me acharam arrogante, prepotente, porque contei que minha meta é abrir um Pé de Fava em cada região do Brasil. Esse sonho continua vivo, mais do que nunca. Quero consolidar esses dois restaurantes aqui e, daqui uns dois ou três anos, dar início ao plano de expansão, seja por meios próprios ou via franquias. Confesso que esse último modelo me agrada mais. Assim, posso ajudar outras pessoas a crescerem também.



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