Pastor que orou pela morte de Paulo Gustavo é processado por homofobia
Dezenas de entidades LGBTQI+ entraram na Justiça em defesa do ator após a publicação a de um pastor da Assembleia de Deus de Alagoas no Instagram.
O pastor José Olímpio, da Assembleia de Deus de Alagoas, está sendo processado na Justiça por dezenas de entidades LGBTQI+ e grupos defensores dos direitos humanos após declarar que está orando pela morte do ator Paulo Gustavo, que se encontra interando em estado grave em decorrência da Covid-19.
"Esse é o ator Paulo Gustavo que alguns estão pedindo oração e reza. E você vai orar ou rezar? Eu oro para que o dono dele o leve para junto de si”, publicou o pastor em suas redes sociais nesta semana. Após a repercussão negativa do comentário, José Olímpio apagou a publicação.
"É urgente que crimes como estes, motivados por homofobia, sejam enquadrados da tipificação da LGBTfobia, na lei de combate ao racismo de n. 7.716/2018, e que punições mais rigorosas e severas sejam tomadas contra condutas homofóbicas e atos discriminatórios como o em questão", diz uma a nota assinada por entidades de defesa dos direitos de LGBTs do país ao anunciar que medidas judiciais serão tomadas contra o pastor.
A atriz e apresentadora Tatá Werneck compartilhou na manhã deste domingo (18) a notícia no perfil do Twitter e comentou: "O mundo precisa saber da sua maldade, José Olímpio", postou.
O mundo precisa saber da sua maldade José Olímpio https://t.co/jUBbiNqN7G
— Tata werneck (@Tatawerneck) April 18, 2021
Internado na UTI desde o começo de março, Paulo Gustavo enfrenta complicações da covid-19, está intubado e com pulmão artificial. O artista, de 42 anos, é casado com o médico Thales Bretas, com quem tem dois bebês.
Veja a nota assinada por dezenas de entidades e defensores de direitos humanos:
"CARTA DE REPÚDIO E REVOLTA AS AGRESSÕES PROFERIDAS PELO LÍDER RELIGIOSO DA ASSEMBLEIA DE DEUS EM ALAGOAS - PR. JOSÉ OLÍMPIO
Instituições LGBTQIA + e outras defensoras de direitos humanos de todo o país, vem a público manifestar seu repúdio às agressões motivada por homofobia, escarrada pelo líder religioso da Assembleia de Deus em Alagoas - pastor José Olímpio, na última quinta-feira, 15/04 , na página oficial do Instagram do pastor.
O ato criminoso de violência, praticado por este líder religioso, contra o ator Paulo Gustavo, que se encontra internado em virtude de problemas de saúde causadas pelo COVID-19, problema sério de saúde pública e sanitária mundial, fere severamente não só Paulo, mas todas as vítimas da doença, a comunidade LGBTQIA+, classe artística e a todos os cidadãos de bem que tenham bom senso e sintam empatia por seu próximo.
A intolerância e o conservadorismo, observados não apenas em crimes de ódio como este, mas também em discursos e práticas preconceituosas, presentes em diversas instâncias do cotidiano brasileiro atual, causam sérios problemas à ordem pública democrática deste país e entristece-nos saber que este não é um caso isolado, mas apenas um dos tantos casos de crimes motivados por LGBTfobia no Brasil, como foi o atentado de 15 de abril de 2021, a honra de Paulo Gustavo e todos os cidadãos decentes e de caráter libido deste país.
É urgente que crimes como estes, motivados por homofobia, sejam enquadrados da tipificação da LGBTfobia , na lei de combate ao racismo de n. 7.716/2018, e que punições mais rigorosas e severas sejam tomadas contra condutas homofóbicas e atos discriminatórios como o em questão.
Fora o tratamento jurídico específico para tais crimes, reconhecendo sua especificidade, compreendemos ainda que apenas através da educação é que poderemos construir um país mais tolerante à diversidade sexual, de gênero, religiosa, política, étnica, social e cultural, tambem de pensamento político e religioso mas não de intolerância criminosa e libertinagem.
Por fim, manifestamos nosso apoio e solidariedade ao ator Paulo Gustavo e a todos que se sentiram feridos e magoados com a fala criminosa do pastor, ao mesmo tempo comunicamos oficialmente que medidas judiciais serão tomadas contra o pastor José Olímpio - líder religioso da Assembleia de Deus em Alagoas, ao mesmo tempo também nos solidariezamos com todos os religiosos que se sentiram agredidos e triste por este ato criminoso e intolerante.
Maceió, 17 de abril de 2021.
Assinam esta carta:
GGAL- Nildo Correia ,; CAERR - Kamila Emanuele ; Givanildo Lima - ARTGAY/AL, Aliança Nacional LGBT - Toni Reis ; Rede Gay Brasil - Fábio de Jesus ;
GGM - Messias Mendonça ; INCVF/AL - Rosaly Damião) - INCVF ; Movimento dos Povos das Lagoas - Isadora Padilha ; Ticiane Simões - Ateliê Ambrosina ; CAVIDA - Wilza Rosa ; Marcelo Nascimento - Fundador do Movimento LGBTQIA+ em Alagoas ; Associação Cultural Joana Cajuru - Waneska Pimentel, Annabella Andrade - Coletivo " O Direito Achado na Rua", REBRACA - Indianarae Siqueira, GGB - Marcelo Cerqueira, Quibamda Dudu - Otávio Reis, Associação As Musa de Castro Alves do Recôncavo - ASMUSADECAR - Gilvan Dias Medeiros ; Movimento Nacional da População em Situação de Rua de Alagoas MNPR/AL e Fórum Nacional dos Usuários do Sistema Único de Assistência Social de Alagoas FEUSUAS/AL - Rafael Machado ; GLAD Delmiro - Anna Moura ; Luiz Mott - Fundador do Movimento LGBTQI+ na Bahia ; Coletivo LGBTIA+ Flutua (UFAL) - Fernando I. Rodrigues de Farias; Associação LGBTQI+ e Candomblé GRUPO IGUAIS DE CORURIPE - Sophia Braz ; Arco Íris LGBT de Paripueira - Darlan Kadosh ; Instituto Feminista Jarede Viana - Ana Pereira ; Núcleo de Estudo e Pesquisa das Expressões Dramáticas ; Cia Cultural Vixe Maria ; PesComPasso Artes Cênicas ; Paty Maionese Produções e Eventos - Paty Maionese ; Coletivo Popfuzz - Nina Magalhães ; Cia Orquídeas de Fogo ; AMIREBO - Lafon Pires"