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Sophia Abrahão diz que demorou para se considerar feminista: 'Nos colocam em uma caixa de radicais'

A atriz lembra das lutas e conquistas sociais e políticas adquiras pelas mulheres ao longo dos anos.

Por Redação T5 Publicado em
Sophia

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Para Sophia Abrahão, 28, falar sobre o Dia Internacional da Mulher, comemorado no último domingo (8), é algo que vai além de flores e rosas. A atriz prefere lembrar das lutas e conquistas sociais e políticas adquiras pelas mulheres ao longo dos anos. Declaradamente feminista, termo do qual demorou para aceitar já que diz acreditar que ele remete à uma "estigmatização", Sophia faz questão de ressaltar que a luta das mulheres é por igualdade, e não supremacia.

"A gente não acredita em uma superioridade feminina. Esse discurso tirado de contexto é muito usado para nos atacar e atacar a nossa luta, então é sempre muito importante disso." À reportagem, a atriz também diz que um dos motivos para ter dificuldades de se denominar feminista, foi as críticas e opiniões alheias. "Nos colocam em uma caixa de radicais, histéricas, odiadas, iradas quando na verdade a gente está aqui apenas lutando pelos nossos direitos. A gente luta pela igualdade social, econômica, profissional e política."

Engajada no assunto, ao mesmo tempo Sophia sente uma frustração de ainda ter que falar sobre os direitos e temáticas que na sua opinião deveriam ser "óbvias" para todos. "Eu fico muito feliz, muito otimista que esse tema esteja cada vez mais em voga. Ao mesmo é muito frustrante para mim ter que falar e ainda receber ataques por falar sobre temáticas que são óbvias, mas infelizmente ainda não são."

Em relação à rivalidade feminina, a atriz não tem pudor em dizer que foi criada com determinadas opiniões sobre mulheres, como ela mesma cita como "mulher é interesseira, mulher é falsa, é competitiva." "A gente tem conceitos tão enraizados, essa concorrência feminina é tão enraizada em nós mulheres que a gente precisa sim falar mais sobre isso e buscar uma mudança nesse sentido."

Confira a entrevista com Sophia Abrahão: PERGUNTA - Ser mulher é... SOPHIA ABRAHÃO - Ao mesmo tempo poderoso e ao mesmo tempo desafiador. A gente está sempre lutando por respeito, igualdade social, salarial, inclusão política, não objetificação do corpo feminino. Eu amo ser mulher, não seria diferente. Mas eu sei que ser mulher é ter coragem, principalmente para lutar contra um sistema estruturalmente patriarcal. Eles dizem que não mas isso é real e quem é mulher sabe.

P - Você se considera feminista? Acha ruim ter nome associado a esse termo? SA - Sim, me considero feminista. Eu demorei muito tempo para me considerar feminista porque é uma luta muito estigmatizada. Nos colocam em uma caixa de radicais, histéricas, odiadas, iradas quando na verdade a gente está aqui apenas lutando pelos nossos direitos. A gente luta pela igualdade social, econômica, profissional, política. Feminismo fala muito sobre liberdades individuais que durante muitos anos nos foi retirada. Então eu entendo que mulheres se empoderando, lutando contra estruturas tão concretas e tão sólidas incomodem. Então sim, e por incrível que pareça, por mais que isso soe errado, eu sou feminista.

P - Quando fala em Dia Internacional da Mulher, o que vem a sua mente? SA - Essa data foi oficializada pela ONU em 1975 a fim de celebrar conquistas sociais e políticas adquiridas pelas mulheres. Eu fico muito feliz que essa data coloca luz a problemas que ainda hoje passamos, assim como a violência doméstica, o feminicídio, a desigualdade social. Então eu fico muito feliz, muito otimista, que esse tema esteja cada vez mais em voga. Ao mesmo é muito frustrante pra mim a gente ter que falar e ainda receber ataques por falar sobre temáticas que são óbvias, mas infelizmente ainda não são.

P - Qual a importância de movimentos como #MeToo e #TimesUp, que chamaram a atenção para o assédio sexual dentro e fora do ambiente de trabalho? SA - Bom, movimentos de #Metoo e #TimesUp são de extrema relevância e importância para expor assediadores que vem cometendo crimes sexuais há muitos anos e nunca foram expostos. Predadores sexuais como por exemplo Harvey Wiensten que foi felizmente condenado a pouquíssimo tempo estão sendo finalmente denunciados. A mulher não denuncia por vários motivos, como culpa, como vergonha, como medo e movimentos como Me too e Time's Up nos dá força e nos incentiva a denunciar, e a acabar finalmente de uma vez por todas com assédios morais, assédios sexuais, constrangimentos, importunações sexuais e em último caso até mesmo estupro.

P - O foco do Dia Internacional da Mulher é a igualdade de direitos. Tem como tema "Eu sou a Geração Igualdade: Concretizar os direitos das mulheres". O que já melhorou? O que piorou? Ainda há muito a avançar? SA - Bom é sempre muito importante a gente lembrar que a nossa luta é por igualdade. A gente não acredita em uma superioridade feminina. Esse discurso tirado de contexto é muito usado para nos atacar e atacar a nossa luta, então é sempre muito importante disso. Segundo a nossa constituição federal, homens e mulheres são iguais perante a lei mas isso não é real na prática. A gente ainda vê muita desigualdade no âmbito familiar, no âmbito profissional e principalmente no âmbito político. A gente vê muito poucas mulheres exercendo cargos de liderança. Tanto nas empresas quanto também na política, então a luta ainda é imensa, o caminho ainda é longo. Mas eu acredito sim que há uma mudança, mas por exemplo um dado triste; as mulheres ainda ganham 75% do rendimento dos homens. Isso precisa ser mudado, estamos aí para mudar isso.

P - As mulheres têm buscado mais união entre elas e deixado de lado a rivalidade? SA - Fomos criados com determinadas verdades como mulher é interesseira, mulher é falsa, é competitiva. É, eu acho que cada vez mais estamos quebrando esses preconceitos. Cada vez mais a palavra sororidade está em voga e eu fico muito feliz com isso. Sororidade para mim significa união entre as mulheres, a gente identifica a outra mulher como aliada, como parceira, e não como outra concorrente. Estamos falando cada vez mais sobre, que bom! Fico muito feliz por estar ouvindo isso cada vez mais, me aperfeiçoando cada vez mais sobre essa temática e estar cada vez mais por dentro dessa luta. A gente tem conceitos tão enraizados, essa concorrência feminina é tão enraizada em nós mulheres que a gente precisa sim falar mais sobre isso e buscar uma mudança nesse sentido.

P - Qual a importância das mulheres em cargos de Poder? SA - Bom à mulheres desde sempre foram excluídas do debate político. Para vocês terem uma ideia, por exemplo no Brasil foi apenas em 1928 há pouquíssimo tempo que uma mulher foi eleita prefeita. Então para termos maior visibilidade, representatividade, mais pessoas defendo a nossa luta é muito importante que mulheres assumam cargos de liderança, cargos na política e se candidatem. [...] A gente não pode esquecer também que há pouquíssimo tempo mulheres não tinham direito de voto, de divórcio. Mulheres não poderiam trabalhar sem a autorização prévia do marido, ou seja a gente não parte do mesmo ponto. Muitas pessoas levianamente falam isso né? Que a gente parte do mesmo ponto, que nesse mundo utópico que vivemos mulheres e homens vivem em igualdade. Não, não vivemos. Por isso é tão importante a gente ter mulheres exercendo cargos de liderança. Sim, por favor mulheres se candidatem. Vamos lutar juntas!



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