Melanoma: saiba mais sobre doença que piorou a saúde de Roberto Leal
Quadro evoluiu e tumor atingiu o fígado, causando a morte do cantor português
O cantor Roberto Leal morreu no último domingo (15), em decorrência de um melanoma maligno que evoluiu, atingindo seu fígado e causando síndrome de insuficiência hepato-renal. O português vinha realizando tratamento contra um câncer de pele, descoberto há cerca de dois anos.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), apesar de não ser o mais frequente câncer de pele, 2.920 casos novos em homens e 3.340 casos novos em mulheres foram registrados em 2018. Com relação ao câncer de pele não-melanoma, foram 85.170 casos novos de câncer de pele entre homens e 80.410 nas mulheres no mesmo período. É por isso que é preciso ficar atento aos sinais que aparecem no corpo.
De acordo com a dermatologista Dra. Claudia Marçal, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia, embora a principal causa do melanoma seja genética, a exposição solar também influencia no aparecimento da doença — principalmente com os elevados índices de radiação que atingem níveis considerados potencialmente cancerígenos, onde ocorre exposição à radiação UVA/UVB E IR (infravermelho).
"O filtro solar deve ser usado diariamente independentemente da estação do ano e se está num dia nublado, chuvoso ou encoberto; a radiação UV mesmo em um dia 100% encoberto, ela só é barrada em 30% e 70% dessa radiação passa", alerta a dermatologista.
Esta fotoexposição, ao longo dos anos, pode gerar lesões novas ou modificar aquelas que já existiam previamente na pele de qualquer pessoa. Com uma exposição solar frequente, seja por lazer ou ocupacional, muitas vezes, as pessoas não percebem a medida da exposição ao sol silencioso no trabalho de campo, no dirigir ou andar na rua.
Diagnóstico Precoce
Embora o diagnóstico de melanoma normalmente traga medo e apreensão aos pacientes, as chances de cura são de mais de 90%, quando há detecção precoce da doença, segundo a SBD. "Por isso, a realização do autoexame dermatológico é necessária", explica a Dra. Claudia Marçal.
Autoexame
O autoexame deve ser realizado principalmente nas pessoas de pele clara, aquelas que possuem antecedentes familiares de câncer de pele, têm mais de 50 pintas, tomaram muito sol antes dos trinta anos e sofreram queimaduras. Quem tem lesões em áreas de atrito, como área da peça íntima, soutien, palma das mãos, planta dos pés e área do couro cabeludo, também deve seguir as instruções.
A indicação também vale para as pessoas que apresentam muitas sardas e manchas por exposição solar anterior, já retiraram pintas com diagnóstico de atípicas, não se bronzeiam ao sol, e consequentemente acabam adquirindo a cor vermelha com facilidade e apresentam qualquer lesão que esteja se modificando.
"Podemos realizar este procedimento com certa regularidade, uma vez por mês, na frente do espelho e de preferência com luz natural, para verificar o surgimento de alguma mancha, relevo ou ferida que não cicatriza", indica a Dra. Claudia Marçal. As dicas para o autoexame são:
• Examine seu rosto, principalmente o nariz, lábios, boca e orelhas.
• Para facilitar o exame do couro cabeludo, separe os fios com um pente ou use o secador para melhor visibilidade. Se houver necessidade, peça ajuda a alguém.
• Preste atenção nas mãos, também entre os dedos.
• Levante os braços, para olhar as axilas, antebraços, cotovelos, virando dos dois lados, com a ajuda de um espelho de alta qualidade.
• Foque no pescoço, peito e tórax. As mulheres também devem levantar os seios para prestar atenção aos sinais onde fica o soutien. Olhe também a nuca e por trás das orelhas.
• De costas para um espelho de corpo inteiro, use outro para olhar com atenção os ombros, as costas, nádegas e pernas.
• Sentada (o), olhe a parte interna das coxas, bem como a área genital.
• Na mesma posição, olhe os tornozelos, o espaço entre os dedos, bem como a sola dos pés.
De acordo com a dermatologista, este tipo de cuidado de rotina, principalmente para quem tem a pele muito clara e com muitas pintas, promove consciência e aguça o olhar sobre as lesões, aumentando a percepção de mudança ou seu crescimento. O passo seguinte, ou mesmo em caso de dúvida, é visitar o dermatologista.
Lesões preocupantes
Para saber se uma lesão é mais preocupante, normalmente é usada a regra do ABCD (área, borda, cor e diâmetro) sobre pintas com pigmentação. "Dividimos a lesão em quatro partes iguais e comparamos os quadrantes observando a simetria, avaliamos as bordas identificando irregularidade na forma de desenhos circinados, observamos a presença ou não de várias cores compondo esta figura e observamos se apresenta diâmetro acima de 6 mm", comenta Dra. Claudia.
Quanto aos sinais clínicos, qualquer lesão que coce, doa ou sangre e que aumente de tamanho com rapidez ou apresente sensibilidade, precisa ser examinada por um dermatologista, que fará então uma dermatoscopia manual ou de preferência digital avaliando a necessidade da retirada cirúrgica.
Além de prevenir o surgimento do melanona, o autoexame, por ser uma avaliação em que o paciente começa a detectar precocemente lesões que apresentam sinais e sintomas diferentes dos habituais ou que estão crescendo, proporciona visitas precoces ao dermatologista que decidirá sobre o tratamento terapêutico em questão com chances maiores de cura.
"Outra lesão que hoje é bastante comum, principalmente após a quinta e sexta década de vida são os carcinomas, tanto provenientes da camada basal, como da camada espinhosa da epiderme, que quando diagnosticados também com rapidez trazem 100% de cura ao paciente", informa a dermatologista.
A grande maioria destas alterações tem componente genético, pelo tipo de pele herdada, mas tem como gatilho principal a exposição solar crônica sem a proteção solar adequada. "Todos os pacientes devem aplicar FPS diariamente antes de sair de casa, principalmente quando em contato com o meio e precisam reaplicar pelo menos mais uma ou duas vezes ao dia, evitando assim a perda da saúde e da beleza da pele", recomenda Dra. Claudia.
PREVALÊNCIA DO MELANOMA (Estimativa):
Brasil: 3.000 homens (3,03 casos novos a cada 100 mil homens) e 2.670 mulheres (2,59 casos novos a cada 100 mil mulheres);
Região Sul: 6,96 casos novos a cada 100 mil homens e 6,50 casos novos a cada 100 mil mulheres;
Região Sudeste: 2,83 casos novos a cada 100 mil homens e 2,53 casos novos a cada 100 mil mulheres;
Região Centro-Oeste: 2,84 casos novos a cada 100 mil homens e 2,09 casos novos a cada 100 mil mulheres;
Região Nordeste: 2,02 casos novos a cada 100 mil homens e 1,36 casos novos a cada 100 mil mulheres;
Região Norte: 0,84 casos novos a cada 100 mil homens e 0,65 casos novos a cada 100 mil mulheres.