Nora Roberts acusa escritora brasileira de plágio
Além de Roberts, cerca de outros 40 autores também denunciaram a escritora Serruya, segundo Caffeinated Fae
A escritora brasileira Cristiane Serruya, 49, é acusada pela autora americana best-seller Nora Roberts de ter plagiado trechos de 10 de seus livros.
Segundo uma matéria publicada pelo The New York Times nessa quarta (24), Roberts entrou com uma ação contra a brasileira em que pede US$ 25 mil (quase R$ 100 mil) por compensação de danos, além da interrupção da venda dos romances de Serruya até que as passagens que configurariam plágio sejam removidas.
Além de Roberts, cerca de outros 40 autores também denunciaram Serruya pela cópia de trechos de 93 livros, segundo uma lista do site Caffeinated Fae. Muitas das acusações foram feitas através da hashtag #CopyPasteCris (#CrisCopiaCola) no Twitter.
Em entrevista por telefone à Folha de sua casa, no Rio de Janeiro, Serruya afirmou ainda não ter sido citada judicialmente e rebateu a acusação de Roberts. Advogada de formação e autora de ebooks românticos, publicados em inglês, ela diz ser impossível ter plagiado tantos livros.
"As pessoas estão pinçando dos meus livros frases soltas, comuns, e me acusando de copiá-las", diz. "Vou responder às acusações no foro correto, que é o da justiça."
O imbróglio começou há cerca de dois meses, quando diversos escritores –entre eles as americanas Courtney Milan e Tessa Dare, também autoras de romances– publicaram no Twitter que tinham encontrado passagens muito semelhantes a seus próprios títulos em obras da brasileira.
"Acordei com mais de cinco mil notificações e tomei um susto. Achei que estava tendo um pesadelo", lembra Serruya.
Naquele momento, em resposta aos acusadores, Serruya creditou o plágio a freelancers contratados pelo site Fiverr e tirou do ar os cinco livros nos quais tinha usado os serviços, entre eles os títulos da série "The Last Royals" ("Os Últimos Membros da Realeza").
Agora, porém, ela prefere não apontar dedos. "Quero que provem que existe plágio", diz.
Questionada sobre o uso da mão-de-obra extra, ela conta que costuma buscar ajuda de terceiros quando está atrasada com prazos de publicação, mas que os trechos escritos pelos co-autores jamais ultrapassam mais do que cinco ou seis parágrafos.
Reproduzida na matéria do The New York Times –os livros da série "The Last Royals" continuam indisponíveis no site de Serruya–, a comparação entre passagens do livro "A Mentira", de Nora Roberts, e "Royal Affair" ("Caso Real"), de Serruya, guarda de fato muitas semelhanças.
No primeiro, publicado em português pela Bertrand Brasil em 2016, Roberts escreve: "Ela era linda. Um homem não chegava aos 30 anos sem ter visto mulheres bonitas, mesmo que fosse em uma tela de cinema. Mas aquela, em carne e osso, só podia ser descrita como 'uau'."
No segundo, um trecho de Serruya segue da seguinte maneira, em tradução livre, mantendo a coincidência vocabular entre as duas passagens em inglês: "Ela era linda. Um homem não chegava aos 30 anos sem ter visto mulheres bonitas, mesmo que fosse em uma tela de cinema. Mas esse não era o caso de Ludwig, que tinha ultrapassado sua cota de mulheres extraordinariamente belas. Mas aquela mulher, em carne e osso, era superlativa."
Em um post em seu blog de 23 de fevereiro, Roberts atacou a Amazon, que mantém a plataforma de autopublicação Kindle Unlimited, de fomentar uma cultura de "táticas fraudulentas" para publicar a maior quantidade de livros possíveis, o mais rápido possível, impossibilitando a competição por parte dos outros autores.
Folhapress