Diretor canadense que já venceu o Oscar é acusado de estupro por quatro mulheres
A ação foi iniciada por uma mulher identificada como Haleigh Breest em 15 de dezembro, em Nova York.
O cineasta e roteirista canadense Paul Haggis, vencedor do Oscar de melhor filme em 2006 com "Crash - No Limite", está sendo acusado de estupro e assédio sexual por quatro mulheres.
O caso nasceu como um processo civil movido por uma publicitária contra o diretor, que logo motivou outras três supostas vítimas a também denunciarem Haggis. Uma delas contou à agência "Associated Press" que o cineasta tentou violentá-la.
"Preciso estar dentro de você", disse o diretor, segundo a mulher, antes de ela conseguir escapar. Outra denunciante afirma que Haggis segurou seus braços, a beijou a força em uma esquina e a seguiu até um táxi.
A ação foi iniciada por uma mulher identificada como Haleigh Breest em 15 de dezembro, em um tribunal de Manhattan, em Nova York. As outras procuraram os advogados de Breest para se juntar ao processo e só falaram com a "AP" em condição de anonimato.
Os episódios de estupro e assédio sexual teriam ocorrido entre 1996 e 2015, quando as denunciantes estavam no começo de suas carreiras no setor de entretenimento. Todas elas foram convidadas por Haggis para locais privados ou semiprivados com o pretexto de discutir "assuntos profissionais".
"Achei estranho [o convite], mas concordei. Ele era o chefão, não me sentia inclinada a dizer não", contou uma das mulheres que diz ter sofrido estupro. De acordo com seu relato, Haggis começou a beijá-la assim que ela entrou na sala. "Me afastei, mas ele insistiu. Eu estava resistindo de verdade. Ele disse: 'Você realmente quer continuar trabalhando?'. E então ele se forçou contra mim, eu estava sem reação, não sabia o que fazer", declarou.
Em seguida, o diretor teria obrigado a mulher a fazer sexo oral nele, antes de empurrá-la no chão e estuprá-la. Ela alega que se sentiu encorajada a denunciar o episódio, ocorrido em 1996, quando tinha 28 anos, ao descobrir o processo de Breest contra Haggis e ver o movimento #metoo ("eu também"), que incentiva mulheres a denunciarem violências sexuais.
Autora da denúncia original, Breest acusa o cineasta de tê-la estuprado no apartamento dele em Manhattan após a estreia de um filme, em 2013. Temendo retaliações, ela aceitou um convite do diretor para tomar uma taça de vinho, mas ele rapidamente ficou "sexualmente agressivo" e começou a beijá-la.
"Petrificada", Breest, segundo a denúncia, foi levada para uma cama, onde Haggis tirou suas calças à força. De acordo com o processo, ele a obrigou a fazer sexo oral, perguntou se ela gostava de sexo anal e a estuprou. Quando Breest acordou, horas depois, viu Haggis dormindo em outro quarto e fugiu, se sentindo "dolorida, assustada e humilhada".
Por meio de sua advogada, Christine Lepera, o cineasta negou ter estuprado qualquer pessoa e ainda acusou Breest de ter exigido US$ 9 milhões para não denunciá-lo. Recentemente, em entrevista ao jornal "The Guardian", Haggis reconheceu que Hollywood é um lugar "bastante sexista", mas disse não acreditar que a violência sexual seja "endêmica" na indústria do entretenimento.
Via ANSA/UOL