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Como Sílvio Santos tentou ser presidente e bagunçou eleição

Em meio à crise econômica e ao caos político, um apresentador de TV é cotado como candidato a presidente do Brasil.

Por Redação T5 Publicado em
Campanha silvio santos

Em meio à crise econômica e ao caos político, um apresentador de TV é cotado como candidato a presidente do Brasil. Não estamos falando de Luciano Huck, mas de Silvio Santos. Há 28 anos, o dono do SBT tentou chegar a Brasília e bagunçou a primeira eleição direta para a Presidência da República após o fim da ditadura militar.

Foi no "Show de Calouros" de 22 de outubro de 1989 que Silvio Santos anunciou ao público que seria candidato à Presidência. Convencido pela mulher, Iris Abravanel, o apresentador topou compor chapa com Guilherme Afif Domingos, que concorreu pelo PL (atual PR).

Silvio disse que Afif não deu resposta e, dez dias antes do programa, recebeu convite do PFL (atual Democratas). Ele aceitou entrar na disputa se o candidato do partido, Aureliano Chaves, desistisse. O animador também leu a carta escrita por Iris apoiando sua decisão.

"Acho que tenho muita sinceridade, muita honestidade, muita sensatez. Acho que administrar um país não é difícil, basta que nós sejamos sinceros, que nós falemos com o povo, que nós apresentemos o problemas para o povo e que nós tentemos resolvê-los junto com o povo", disse Silvio a jornalistas após o "Show de Calouros".

O convite, porém, não era inédito. Silvio já tinha sido chamado para tentar ser prefeito de São Paulo e presidente, mas recuou a pedido da família. Em 1988, no mesmo "Show de Calouros", ele chegou a anunciar sua candidataria à Prefeitura, mas desistiu em função de um problema nas cordas vocais.

A candidatura do dono do SBT mexeu com os partidos. Aureliano Chaves não desistiu de se candidatar e Afif queria o apresentador como vice. Nove dias após anunciar que queria ser presidente, Silvio fechou acordo com o "nanico" e recém-criado PMB (Partido Municipalista Brasileiro), concorrendo no lugar do pastor evangélico Armando Corrêa.

Primeiro programa e propostas simples

A presença de Silvio Santos na disputa à Presidência, a três semanas da eleição, bagunçou as pesquisas e incomodou os outros candidatos. Ao contrário de Luciano Huck, que no último levantamento do Ibope apareceu com 5% das intenções de voto para 2018, o dono do SBT tirou pontos do líder, Fernando Collor (PRN), e do segundo colocado, Lula (PT), e despontou para um possível segundo turno.

Silvio, porém, só entrou na campanha para valer em 5 de novembro, quando foi ao ar seu primeiro programa partidário. Em sua estreia, relembrou seu passado como camelô e disse que governaria para os mais pobres, mas não divulgou nenhuma proposta de governo. Apenas listou quatro "prioridades básicas": alimentação, saúde, habitação e educação. E também prometeu controlar a inflação e aumentar o salário mínimo.

No dia seguinte, Silvio explicou que seu nome não estaria na cédula de votação. Para isso, ele apresentou o jingle inspirado em "Silvio Santos Vem Aí", que virou "É o 26! É o 26! Com Silvio Santos, chegou a nossa vez! Silvio Santos já chegou e é o 26". No mesmo programa, ele pediu para os eleitores marcarem um "X" em "26 - Corrêa", número e nome do antigo candidato do partido, antes de depositarem o papel na urna. Assim, estariam votando em Silvio.

Irregularidades e fim do sonho presidencial

Rivais de Silvio na disputa eleitoral viram irregularidades na campanha do apresentador e cobraram respostas do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Na acusação dos partidos concorrentes, o PMB de usar um registro provisório, que teria vencido em outubro. E Silvio deveria ter saído do comando do SBT seis meses antes de se candidatar.

O sonho de Silvio Santos durou apenas 18 dias. Em 9 de novembro de 1989, a Justiça Eleitoral impugnou a candidatura do apresentador e extinguiu o PMB. Aos jornalistas, o dono do SBT afirmou que não recorreria porque "não valeria a pena".

"Os quatro [juízes] já disseram que eu não poderia participar da eleição, não só por causa do partido, mas também porque eles acreditam que eu tenha um cargo no SBT, o que não é verdade", disse Silvio.

Quem contribuiu para a queda de Silvio foi Eduardo Cunha, que na época atuava na campanha de Collor e descobriu a falha no registro do PMB. O ex-deputado, que está preso há um ano, foi condenado pelo juiz Sergio Moro a 15 anos e quatro meses de reclusão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

UOL



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