Após ameaça de censura e polêmicas, Lollapalooza vira alvo de fake news
Em uma semana no qual o ritmo de novas fake news continuou fraco (felizmente), o festival se destacou com duas histórias falsas
Mais do que uma ferramenta para disseminar uma ideologia, as fake news também têm sido instrumento para desvio de foco de debates em redes sociais. A prova disso está no fluxo da desinformação dos últimos dias.
Grupos políticos brasileiros teriam muito assunto para reverberar nesta semana. Nos últimos dias, a guerra na Ucrânia continuou se estendendo, a corrida política brasileira teve reviravoltas e tivemos mudanças em regras sanitárias no país. Mesmo assim, o principal foco foi outro: o festival Lollapalooza e alguns artistas.
Em uma semana no qual o ritmo de novas fake news continuou fraco (felizmente), o festival se destacou com duas histórias falsas que se utilizaram de vídeos fora de contexto sobre “coisas terríveis” que teriam ocorrido por lá.
Uma das histórias apontava que, durante uma apresentação no festival, Anitta teria “lambido o traseiro de Pabllo Vittar”. Junto à história, há uma imagem do que seria um flagra do que está ocorrendo. Detalhe: a fake news (desmentida também em vídeo pelo Boatos.org) tinha, no mínimo, três erros.
1) Não era Anitta e Pabllo Vittar na imagem (na realidade, era MC Rebecca e Luísa Sonza). 2) A foto não era do Lollapalooza (era, na realidade, de uma apresentação no Bloco da Anitta de pré-carnaval. 3) Não foi, propriamente, uma “lambida”. Vídeos da apresentação mostram que o ângulo da imagem era, por assim dizer, desfavorável.
Outra história que circulou também apontava para uma “bizarrice” no Lollapalooza. Um vídeo de uma cantora urinando no rosto de um fã que estava deitado no palco viralizou como se fosse do “festival do fora, Bolsonaro”. Só que, na realidade, o vídeo nada tinha a ver com o Lollapalooza e com a política brasileira. As imagens eram de um show em um festival nos EUA no ano passado. Ou seja: mais uma ilação que viralizou.
É óbvio que um festival de música que reúne milhares de jovens tem “de tudo” (não se trata de uma festa de criança). Mas esse não é o ponto. O importante é que, na falta de argumentos contra o que foi dito no festival e contra a decisão que visava “censurar” artistas, grupos políticos apelaram, de novo, para informações falsas.
Como já falamos no A Semana em Fakes que falou do episódio Fábio Porchat e da falsa acusação de pedofilia contra ele, o que não vai faltar neste ano são fake news que visam chocar a população. Ao mesmo, este tipo de história vai angariar conservadores e ajudar a desviar o foco de questões, vamos ser sinceros, muito mais importantes.