Temporada final de 'Orange Is the New Black' reforça o pioneirismo do seriado
A sétima e última temporada da série estreou semana passada.
FOLHAPRESS - "Orange Is the New Black", que estreou há seis anos, sempre teve a ambição de revolucionar o jeito como se faz e como se assiste a uma série de TV. Com base numa história real, contava o drama de Piper Chapman (Taylor Schilling), uma mulher branca, de 30 e poucos anos, classe média alta, que vai parar num presídio por um crime bobo que cometera dez anos antes.
Ela entra na prisão de Litchfield e junto leva o espectador para um mundo de mulheres que raramente estão no centro da narrativa -negras, imigrantes, latinas, transexuais, pobres, velhas, gordas, viciadas, doentes mentais etc.
Obras com mulheres protagonistas não são raridade na TV, mas tanta diversidade num mesmo seriado é inédita num programa americano.
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Além disso ainda era novidade o conceito de "binge watching", assistir tudo de uma vez, ou vários episódios numa só sentada, que a Netflix introduziu, lançando todos os capítulos ao mesmo tempo.
Com a sétima e última temporada no ar desde a semana passada, a série se despede como a pioneira que sempre foi e com alguns dos melhores episódios em anos.
Se as últimas duas temporadas tropeçaram, a nova está à altura das primeiras quatro, as realmente geniais. A quarta mostrou como a privatização da penitenciária tornou a vida das presas ainda mais difícil. A quinta, a mais fraca delas, se passou inteira num período de 72 horas, durante uma revolta no presídio. A sexta lidou com as diferenças entre as cadeias de mínima e de máxima segurança, para a qual algumas presas foram transportadas depois.
E acabou com uma surpresa: Piper saiu da prisão. E, fora dela, volta a ser uma personagem central na trama, enquanto tenta se entender com a vida pós-xadrez e com o relacionamento à distância com sua mulher, Alex Vause (Laura Prepon, de "That '70s Show").
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Atrás das grades, os 13 episódios vão apresentando os destinos de cada uma das mulheres mais importantes do programa e introduzem dois temas bem atuais, a prisão e deportação de imigrantes ilegais e o MeToo, movimento feminista contra o assédio sexual.
As cenas de flashback continuam a ser alguns dos melhores momentos, mas agora competem com as cenas atuais que se passam fora da prisão. Contrastando com a relativa boa situação de Piper, a série acompanha a nova vida de Black Cindy (Adrienne Moore), que também foi libertada mas não tem para onde ir. Vive na rua e trabalha como voluntária num asilo.
Duas personagens importantes lidam com a mudança de suas penas para prisão perpétua, Taystee (Danielle Brooks) e Daya (Dascha Polanco).
A primeira se revolta, sua sentença é injusta e ela não consegue reverter, apesar do esforço e da ajuda de Joe Caputo (Nick Sandow), o ex-chefão de Litchfield. E Daya mergulha na heroína, que usa sem parar e vende para as outras presas com a ajuda de sua mãe, Aleida (Elizabeth Rodriguez), que também foi libertada e mora com um guarda da prisão.
As vidas de Nicky (Natasha Lyonne), Red (Kate Mulgrew), Lorna (Yael Stone) e Pennsatucky (Taryn Manning) se transformam completamente. Mas os momentos mais dramáticos acontecem na ala das imigrantes, para onde Maritza (Diane Guerrero) acaba voltando depois de ser libertada e onde entra uma nova personagem, Karla (Karina Arroyave). O tratamento que se dá às ilegais que querem entrar nos Estados Unidos parece pior que a prisão.
ORANGE IS THE NEW BLACK
Avaliação: Excelente
Onde: Netflix
TETÉ RIBEIRO