Ex-policiais são condenados pelo assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes
A investigação aponta que o assassinato foi motivado por conflitos fundiários e questões políticas envolvendo milícias
Os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, assassinos confessos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, foram condenados nesta quinta-feira (31) pelo 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro. Lessa recebeu uma pena de 78 anos, 9 meses e 30 dias, enquanto Queiroz foi condenado a 59 anos, 8 meses e 10 dias.
O júri determinou que ambos são culpados por duplo homicídio triplamente qualificado – incluindo motivo torpe, emboscada e recurso que dificultou a defesa das vítimas – além de tentativa de homicídio contra Fernanda Chaves, assessora de Marielle, e receptação do veículo usado no crime. Marielle e Anderson foram mortos em 14 de março de 2018.
Durante a leitura da sentença, a juíza Lúcia Glioche afirmou: “A Justiça é lenta, é cega, é burra, mas ela chega”, expressando a visão de que, apesar da demora, o sistema judiciário puniu os culpados. Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz estão presos desde 2019 e, em 2023, firmaram acordo de delação premiada, confessando participação no crime.
A investigação aponta que o assassinato foi motivado por conflitos fundiários e questões políticas envolvendo milícias. Os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão – respectivamente conselheiro do Tribunal de Contas e deputado federal – são acusados de serem os mandantes do crime e estão presos desde março deste ano, junto com o delegado Rivaldo Barbosa, acusado de prejudicar as investigações. O caso dos Brazão e de Barbosa está sendo julgado em um processo paralelo no Supremo Tribunal Federal (STF).
Os promotores alegaram que Ronnie e Élcio cometeram os assassinatos motivados por pagamento e que buscaram eliminar testemunhas, incluindo Fernanda. Durante o julgamento, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) destacou que a condenação se baseou em provas robustas além da delação.
O veredito representa um marco no caso, que mobilizou atenção nacional e internacional desde 2018, especialmente pelo legado de Marielle Franco como defensora dos direitos humanos e causas sociais. A decisão é vista como um avanço na busca por justiça para as vítimas e para suas famílias, que há anos aguardavam por respostas.