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Governo federal apresenta PEC da Segurança Pública aos estados

Durante o encontro, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, destacou que a Constituição de 1988 “precisa ser aprimorada”

Por Carlos Rocha Publicado em
Governo federal apresenta PEC da Seguranca Publica aos estados Valter Campanato Agencia Brasil
Governo federal apresenta PEC da Segurança Pública aos estados (Foto: Valter Campanato/ Agência Brasil)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se nesta quinta-feira (31) com governadores no Palácio do Planalto, em Brasília, para apresentar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Segurança Pública. Em discurso, Lula incentivou os governadores a expressarem suas preocupações e sugerirem soluções. “É uma reunião em que não existe censura, não existe impedimento de cada um dizer aquilo que pensa”, declarou.

Durante o encontro, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, destacou que a Constituição de 1988 “precisa ser aprimorada” para fortalecer a ação federal no combate ao crime organizado. A proposta pretende alterar os artigos 21, 22, 23, 24 e 144 da Constituição, que tratam das competências da União e dos órgãos do sistema de segurança pública.

Caso aprovada no Congresso Nacional, a PEC prevê atuação conjunta entre o governo federal, estados e municípios. Um conselho nacional deverá definir normas gerais para as forças de segurança, incluindo o uso de câmeras corporais e a gestão do sistema penitenciário. A proposta, segundo o governo, não retira competências nem fere a autonomia dos entes federativos.

Estrutura da PEC

A PEC possui três pilares: ampliar as atribuições da Polícia Federal (PF) e da atual Polícia Rodoviária Federal (PRF), elevar o Sistema Único de Segurança Pública (Susp) ao status constitucional e unificar os fundos de segurança pública e penitenciário. A PRF, agora chamada de Polícia Ostensiva Federal, terá a função de patrulhar rodovias, ferrovias e hidrovias federais, além de auxiliar as forças estaduais quando solicitado. A PF será responsável por apurar crimes contra a ordem social e política e outros crimes interestaduais e transnacionais.

A PEC também cria o Fundo Nacional de Segurança Pública e Política Penitenciária, que não poderá ser contingenciado e visa garantir recursos para projetos alinhados com a política nacional de segurança.

Padronização e Novos Protocolos

O governo propõe a padronização de protocolos, como boletins de ocorrência e certidões de antecedentes criminais, além da geração de dados estatísticos. Segundo Lewandowski, a ideia é “padronizar a língua mas cada estado no seu sistema”. A PEC não centraliza sistemas de tecnologia, nem interfere no comando das polícias estaduais, assegurando a independência das forças locais.

O governo argumenta que a mudança é necessária devido à evolução da criminalidade, que hoje atua de maneira interestadual e transnacional. “Hoje nós estamos falando de uma organização criminosa que ganha contornos rápidos de organização mafiosa no Brasil”, destacou o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa.

Tramitação no Congresso

A proposta poderá sofrer modificações após as contribuições dos governadores e seguirá para o Congresso Nacional, onde deverá passar pelas comissões de Constituição e Justiça e por votação em Plenário na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. A PEC exige aprovação por três quintos dos votos em duas rodadas, o que representa 308 votos na Câmara e 49 votos no Senado, incluindo apoio da oposição para sua aprovação.



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