Ministério da Saúde alerta para aumento de casos de coqueluche no país
Ação visa prevenir aumento de casos no Brasil e proteger grupos vulneráveis
Em meio a surtos de coqueluche em países da Ásia e da Europa, o Ministério da Saúde do Brasil publicou uma nota técnica recomendando a ampliação e intensificação da vacinação contra a doença em caráter excepcional. A medida visa reforçar a vigilância epidemiológica e a imunização de grupos prioritários para prevenir uma possível escalada de casos no país.
A nota técnica amplia a indicação de uso da vacina dTpa (tríplice bacteriana acelular tipo adulto), que combate difteria, tétano e coqueluche, para trabalhadores da saúde que atuam em serviços públicos e privados, tanto ambulatoriais quanto hospitalares. Isso inclui profissionais de ginecologia e obstetrícia, parto e pós-parto imediato, unidades de terapia intensiva (UTI) e unidades de cuidados intensivos (UCI) neonatal, berçários e pediatria.
Além disso, a recomendação se estende a doulas, que acompanham gestantes durante gravidez, parto e pós-parto, bem como trabalhadores em berçários e creches que atendem crianças de até quatro anos. A administração da vacina deve considerar o histórico vacinal contra difteria e tétano. Pessoas com o esquema vacinal completo devem receber uma dose da dTpa, mesmo que a última imunização tenha ocorrido há menos de dez anos. Aqueles com menos de três doses devem receber uma dose de dTpa e completar o esquema com dT.
Cenário Global
A nota técnica cita um aumento significativo de casos de coqueluche em pelo menos 17 países da União Europeia, com 25.130 casos registrados de janeiro a dezembro de 2023, e 32.037 casos entre janeiro e março de 2024. A maior incidência foi observada entre menores de 1 ano, seguidos pelos grupos de 5 a 9 anos e de 1 a 4 anos. Na China, o Centro de Prevenção e Controle de Doenças relatou 32.380 casos e 13 óbitos por coqueluche até fevereiro de 2024. Na Bolívia, um surto resultou em 693 casos confirmados e oito óbitos entre janeiro e agosto de 2023, a maioria em crianças menores de 5 anos.
Situação no Brasil
No Brasil, o último pico epidêmico de coqueluche ocorreu em 2014, com 8.614 casos confirmados. De 2015 a 2019, os casos variaram entre 3.110 e 1.562. A partir de 2020, houve uma redução significativa no número de casos, atribuída à pandemia de covid-19 e ao isolamento social. No entanto, nas primeiras 14 semanas de 2024, 31 casos foram confirmados.
O Ministério da Saúde alertou que o aumento de casos registrado internacionalmente pode se repetir no Brasil, devido à acumulação de suscetíveis provocada pelas quedas nas coberturas vacinais desde 2016 e lacunas na vigilância e diagnóstico da doença. Entre 2019 e 2023, todas as 27 unidades federativas notificaram casos de coqueluche. Pernambuco liderou com 776 casos, seguido por Minas Gerais (253), São Paulo (300), Paraná (158), Rio Grande do Sul (148) e Bahia (122). Nesse período, 12 mortes foram registradas.
Cobertura Vacinal
Dados do Ministério mostram que, entre 2016 e 2023, as coberturas vacinais contra a coqueluche permaneceram abaixo dos 95% recomendados pela OMS. Entre os casos confirmados de 2019 a 2023, 31,9% tinham situação vacinal ignorada ou "em branco"; 1,6% tinham dados inválidos para a faixa etária; e 11,2% eram menores de 2 meses, abaixo da idade para receber a primeira dose da vacina. Além disso, 20,9% não eram vacinados, 23,3% haviam recebido uma dose, 11,8% duas doses e 18,1% três doses sem reforço.
Esquema Vacinal
A principal forma de prevenção da coqueluche é a vacinação. O esquema vacinal primário para crianças menores de 1 ano inclui três doses da vacina penta aos 2, 4 e 6 meses, seguida de reforços com a vacina DTP aos 15 meses e 4 anos. Gestantes devem receber uma dose da vacina dTpa a partir da 20ª semana de gestação, ou no puerpério até 45 dias pós-parto se não vacinadas durante a gravidez. Profissionais da saúde também devem ser imunizados conforme o esquema vacinal indicado.
A coqueluche é uma infecção respiratória causada pela bactéria Bordetella pertussis, comum em climas amenos ou frios, como na primavera e no inverno.