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Governo sanciona com vetos lei sobre agrotóxicos no Brasil

Presidente vetou 14 trechos do PL aprovado pelo Congresso

Por Rinaldo Pedrosa Publicado em
Luiz Inácio Lula da Silva
Luiz Inácio Lula da Silva (Foto:Reprodução/Agência Brasil)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou com vetos o projeto de lei que deve agilizar o processo de registro de agrotóxicos no Brasil. Aprovado no Senado Federal em novembro, após 24 anos de tramitação no Congresso Nacional, o texto foi publicado nesta quinta-feira (28), no Diário Oficial da União (DOU).

No Senado, o PL teve relatoria de Fabiano Contarato (PT-ES). A sanção de Lula não foi integral e incorporou 14 vetos, justificando inconstitucionalidade ou riscos à saúde humana e ao meio ambiente.

Um dos trechos vetados atribuía exclusivamente ao Ministério da Agricultura a reavaliação dos riscos de agrotóxicos, retirando funções da Anvisa e do Ibama.

"Dessa forma, o presente veto visa impedir que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis percam o protagonismo técnico nesse tipo de reanálise quando estiverem sendo avaliados riscos à saúde humana e ao meio ambiente", diz trecho do documento.

Em outro veto, a lei também atribuía ao Ministério da Agricultura poder exclusivo de avaliação de alterações nos registros de agrotóxicos.

"Isso porque, do ponto de vista normativo, esses dispositivos extinguiriam o modelo tripartite de registro e controle de agrotóxicos, adotado no País desde 1989 e baseado na interação entre as áreas da agricultura, do meio ambiente e da saúde", diz trecho.

O veto alega que o ministério "não detém competência legal, nem especialização ténica para atuar nesses temas".

"Com isso, o veto afasta, com base nos princípios da precaução e da vedação ao retrocesso socioambiental, o risco de que os seus procedimentos sejam convertidos em 'mera formalidade'. Afinal, a inovação legislativa permitiria que, após o registro do agrotóxico, o seu fabricante alterasse significativamente o conteúdo do produto registrado sem o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis", continua o documento.

Outro veto é sobre pedidos de registros de produtos com ingrediente ativo pendentes de análise de riscos que poderiam ser deferidos pelos órgãos registrantes -- Ministério da Agricultura, no caso de agrotóxicos, e Ibama, no caso de produtos de controle ambiental. "Dessa forma, o veto visa evitar a exposição humana e ambiental aos agrotóxicos e aos produtos de controle ambiental cujos riscos ainda estejam em processo de reanálise", diz a sanção.

Lula também barrou trecho da lei que dispensava empresas de colocar nas embalagens, de forma permanente, o próprio nome e a advertência de que o recipiente não poderá ser reaproveitado.

"Vale ressaltar que, pelos seus potenciais de toxicidade e contaminação, as embalagens vazias de agrotóxicos se enquadram na categoria de resíduos perigosos, de modo que a vigência dessa inovação legislativa dificultaria que elas fossem corretamente destinadas", justifica o veto.

A sanção também contemplou veto à Taxa de Avaliação e de Registro de novos produtos, alegando que o PL "não fixou a base de cálculo e a alíquota".

"Sendo assim, a regra matriz de incidência tributária foi instituída sem os parâmetros necessários para a fixação do valor da taxa em proporção razoável com os custos da atuação estatal, situação que, por si só, violaria o princípio da legalidade tributária", diz trecho.

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