Exploração da carne de jumento se torna alvo de disputa jurídica
O abate do animal tem sido criticado por entidades defensoras dos animais e de ambientalistas
Um animal muito comum no Nordeste brasileiro está no centro de uma polêmica. O abate do jumento tem sido criticado por entidades defensoras dos animais e de ambientalistas.
Tradicionalmente usados para transporte nas zonas rurais, os jumentos perderam lugar para as motos e começaram a ser abandonados por seus donos, mas a partir de 2016, voltaram a ganhar destaque depois que o couro virou produto de exportação para países asiáticos.
Na Bahia, três frigoríficos passaram a se dedicar ao abate, prática condenada por grupos de defesa dos direitos dos animais, que conseguiram em 2018 uma liminar na justiça baiana proibindo, alegando risco de extinção da raça.
Em 2019, o governo federal e o município baiano de Amargosa conseguiram derrubar no Tribunal Regional Federal a liminar que proibia o abate. De lá para cá, vieram outras liminares, mas o que vale hoje é baseado numa decisão da União Federal, que permite a prática em todo território baiano.
“A atividade só ocorre hoje porque ela é extrativista. Então os animais são coletados ou apreendidos e eles são encaminhados para os abatedouros sem rastreabilidade, sem estado sanitário conhecido. Então, embora eles consigam aproveitar tudo, não é uma atividade que seja sustentável a longo prazo. Então por isso que ela tem que ser suspensa”, explica Patricia Tatemoto - coord. de campanha nas Américas The Donkey Sanctuary.
O Conselho Regional de Medicina Veterinária avalia que o risco de extinção da raça não está na comercialização do jumento, mas na falta de uma cadeia produtiva.
“O conselho é a favor de qualquer cadeia de produção organizada dentro da legislação, do bem estar animal e da fiscalização sanitária. Então, se houvesse essa cadeia o conselho não seria contra ele é contra as irregularidades”, diz Chiara Albano, zootecnista e membro da Comissão de Ética, Bioética, Bem Estar Animal do CRMV da Bahia.